Publicado pela Gazeta do povo
Vozes discordantes
estão vindo a público para expor quão prejudiciais são a transição de gênero e
a redesignação sexual
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Bruce Ashford* The Daily Signal
As
pessoas que passaram pela cirurgia de troca de sexo têm chance aproximadamente
20 vezes maior que a população geral de morrer de suicídio. Pixabay
A redesignação sexual é tão natural quanto nascer — é o que alguns na
mídia nos dizem. E muitos americanos acreditam. Mas um coro crescente de vozes
discordantes composto de médicos, pesquisadores e até indivíduos transgêneros
está começando a traçar um quadro muito diferente da verdade.
Essas vozes
discordantes estão vindo a público para expor quão prejudiciais são a transição
de gênero e a redesignação sexual, tanto médica quanto sociologicamente
falando.
Para começar,
pensemos nas revelações recentes de como é problemática a cirurgia de
redesignação sexual, quando realizada com o objetivo de tratar a disforia de
gênero.
Em entrevista
ao “Telegraph”, o cirurgião reconstrutivo genital Miroslav
Djordjevic, mundialmente renomado, disse que andam
aumentando em suas clínicas os casos de cirurgia de “reversão” pedidas por
indivíduos que querem sua genitália de volta. Essas pessoas sofrem níveis
altíssimos de depressão e, em alguns casos, pensamentos suicidas.
Na cirurgia de redesignação sexual de homem a
mulher, médicos como Djordjevic transformam a genitália de um homem para lhe
dar o formato de uma vagina, extirpando os testículos e invertendo o
pênis. Na cirurgia inversa, de redesignação de mulher a homem, os médicos
removem as mamas, o útero e os ovários da mulher e estendem sua uretra, de modo
que a mulher convertida em homem possa urinar em pé.
Um artigo
recente publicado na “Newsweek” toma nota das preocupações de
Djordjevic, apontando para o caso de Charles Kane, um homem que se submeteu à
cirurgia de redesignação de homem a mulher.
Em entrevista à BBC, Kane explicou que decidiu
fazer a cirurgia original imediatamente após sofrer um colapso nervoso. Mas, depois de
passar pela cirurgia e começar a identificar-se como uma mulher chamada “Sam
Hashimi”, Kane se arrependeu da decisão e procurou a cirurgia de
reversão.
Kane disse: “Quando
eu estava no hospital psiquiátrico, no leito ao meu lado havia um homem que
achava que era o rei George, enquanto o sujeito do outro lado se achava Jesus
Cristo. Então eu decidi que era uma garota chamada Sam.”
Do mesmo modo, a mulher transgênero Claudia MacLean teria dito que seu
psiquiatra a encaminhou a um cirurgião de
redesignação sexual após apenas uma consulta de 45 minutos. “Na minha
opinião, o que me aconteceu foi tudo motivado por dinheiro”, ela
disse.
Considerando que as clínicas cobram até US$50
mil pelas cirurgias de redesignação, Djordjevic teme que os médicos estejam forrando
suas contas bancárias sem se preocupar com o bem-estar físico e psicológico de
seus pacientes.
O bem-estar físico e psicológico deveria ser uma preocupação levada em
conta, considerando que 41% dos transgêneros vão tentar o suicídio em algum
momento da vida e que as
pessoas que passaram pela cirurgia de troca de sexo têm chance aproximadamente
20 vezes maior que a população geral de morrer de suicídio.
Além dos problemas inerentes à cirurgia de redesignação sexual, deveríamos
reconhecer que é problemático dar “tratamentos” hormonais a crianças e
adolescentes com disforia de gênero para adiar sua puberdade.
Em um artigo acadêmico recente, “Growing
Pains: Problems with Puberty Suppression in Treating Gender Dysphoria”
(Dores do crescimento: problemas com a supressão da puberdade no tratamento da
disforia de gênero), o endocrinologista Paul Hruz, o bioestatístico Lawrence
Mayer e o psiquiatra Paul McHugh contestam essa prática.
Eles observam que aproximadamente 80%
das crianças com disforia de gênero acabam por ficar à vontade em seu corpo e
deixam de sentir a disforia. Eles concluem que “há poucas evidências
de que a supressão da puberdade seja reversível, segura ou eficaz para tratar a
disforia de gênero”.
Assim, as evidências científicas sugerem que o uso de hormônios para
suprimir a puberdade é
nocivo e chega a constituir uma violência.
Finalmente, as transições de gênero são problemáticas para a sociedade
mais ampla, conforme revelam discussões recentes sobre uso de banheiros
públicos, realidades
militares, políticas
habitacionais e eventos
esportivos.
Algo que frequentemente é passado por cima nessas discussões é a
situação preocupante e até perigosa criada quando “mulheres”
transgêneros competem em eventos esportivos femininos.
Foi o que aconteceu na luta de artes marciais mistas (MMA) de 2014
entre Tamikka
Brents e Fallon Fox. Durante uma surra de dois minutos, Brents
sofreu traumatismo craniano, fratura do osso orbital e um ferimento na cabeça
que precisou de sete grampos. “Já lutei com muitas mulheres e nunca senti
a força que senti naquela noite”, disse Brents.
Sua adversária,
Fallon Fox, não nasceu mulher. Ela é biologicamente homem, mas se identifica
como transgênero.
Brents considerou que Fox tinha uma vantagem
injusta. “Como não sou médica, não posso dizer se é ou não é porque ela nasceu
homem”, ela disse. “Só posso dizer que nunca na minha vida me senti tão
superada por uma adversária, e eu mesma sou uma mulher fora do comum em matéria
de força.”
Brents teve razão em considerar injusta a vantagem
de Fox: as diferenças físicas entre homens e mulheres são importantes o
suficiente para que lutadoras profissionais mulheres não possam competir
efetivamente contra lutadores profissionais homens.
Em vista de tudo isso, por que não estamos tendo uma discussão
pública mais construtiva e sustentada entre cirurgiões, psiquiatras e
parlamentares sobre a ética da redesignação sexual?
A razão mais importante é o poder do
lobby transgênero.
Consideremos o
argumento recente do psicoterapeuta James Caspian, que a Bath Spa University,
no Reino Unido, recusou seu pedido de realizar pesquisas sobre cirurgias de
reversão sexual porque o tópico foi avaliado como sendo “potencialmente
politicamente incorreto”.
De acordo com
Caspian, em um primeiro momento a universidade aprovou sua proposta de
pesquisa. Mas a rejeitou mais tarde devido às reações negativas que previu que
receberia por parte de lobbies transgêneros poderosos.
Independentemente de quão politicamente incorretas possam ser as
evidências, e ao mesmo tempo em que respeitamos as preocupações de privacidade
e segurança das pessoas que se identificam como transgêneros, também precisamos
formular uma conclusão séria e honesta sobre os custos humanos da redesignação
sexual.
As melhores opiniões da ciência médica, ciência social, filosofia e
teologia convergem. Como diz o pesquisador sênior da Heritage Foundation Ryan
Anderson, elas revelam que o
sexo é uma realidade biológica, que o gênero é a expressão social
dessa realidade e que, portanto, tratamentos e cirurgias de redesignação sexual
não constituem bons remédios para aliviar o sofrimento sentido pelas pessoas
com disforia de gênero.
Assim, as terapias que mais ajudarão as pessoas com disforia de gênero
serão aquelas que ajudam as pessoas a viver em conformidade com a verdade
biológica de seu corpo.
(*) Bruce Ashford é pró-reitor e
professor do Seminário Teológico Southeastern Baptist. Ele é co-autor de "One Nation Under God: A
Christian Hope for American Politics" e escreve um blog, Christianity for
the Common Good.
Conteúdo publicado originalmente em The Daily Signal.
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