quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Atlético-PR “mutante” atropela Grêmio no 1º tempo, mas sofre no fim



vitória por 1 a 0 do Atlético-PR sobre o Grêmio, no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil, foi um jogo taticamente fascinante. As duas equipes usam sistemas e estilos pouco comuns no futebol brasileiro, além de radicalmente diferentes – o que gerou um interessante confronto de estilos em Curitiba. Agressivo, o Atlético dominou o primeiro tempo com muita velocidade e pressão, enquanto o Grêmio conservou energias para o final do jogo e quase saiu com um resultado melhor.
O sistema do time de Vagner Mancini foi tão “mutante” que merece um parágrafo à parte. Léo, o lateral direito, teve liberdade total para subir, em confronto direto com o ala Alex Telles no ataque e na defesa. Na lateral esquerda, houve um revezamento: normalmente o time defendia com Zezinho na lateral e Juninho como volante, mas na hora de atacar, Juninho voltava como zagueiro pela esquerda e Zezinho virava meia. Quem abria o jogo pela esquerda era Everton, que também foi o responsável pela marcação do outro ala gremista, Pará. Paulo Baier foi o armador, enquanto Ederson e Dellatorre formaram uma dupla de frente bastante móvel.
A intensa movimentação e a troca de posições – marcas registradas do Atlético-PR – complicaram bastante o Grêmio, que não conseguia encontrar os adversários em campo e recuava cada vez mais. Intencional ou não, a estratégia deu razoavelmente certo, já quemesmo controlando totalmente a posse de bola, o Atlético sofria para superar o bloqueio defensivo gremista – com nove jogadores atrás da linha da bola, mais o eventual recuo de um dos atacantes para ajudar. O gol de Dellatorre foi fruto da intensa pressão sobre a defesa tricolor, que acabou não conseguindo cortar uma das inúmeras investidas do time paranaense. Dida também salvou uma bola de Everton.
Com a bola, porém, o Grêmio nada fazia. Mesmo sem Barcos, Kleber e Vargas, o técnico Renato Gaúcho manteve o sistema 3-5-2 sem nenhum meia de ligação, com Elano e Zé Roberto no banco. Normalmente, é Barcos quem recua no espaço entre meio e ataque, para ligar os setores; sem ele, e com a marcação pressão extremamente agressiva do Atlético, o Grêmio ficou resumido a lançamentos da defesa e de Dida. A cena mais comum do primeiro tempo foi Dida com a bola nas mãos, tentando achar em vão um companheiro desmarcado, e dando um chutão sem direção. Os dois garotos escalados no ataque tiveram atuações bem apagadas.
O panorama mudou bastante no segundo tempo. O Grêmio adiantou a marcação, pressionando os zagueiros e volantes do Atlético-PR assim que eles pegavam na bola, e o resultado foi um show de chutões dos dois times, com pouca troca de passes. Claramente o estilo não favoreceu o Atlético, que também pareceu cansar muito rápido por causa da pressão intensa exercida no início do jogo. Aí ficou nítida uma deficiência do time de Mancini: para aplicar esse estilo de movimentação e bola no chão à perfeição, faltam zagueiros com mais capacidade para sair jogando. Chamou atenção principalmente a facilidade com que Manoel dava um bico para frente ao menor sinal de pressão do rival.
Se o Atlético-PR teve problemas para superar o ferrolho gremista no primeiro tempo, faltou fôlego para aproveitar os espaços deixados pelo time gaúcho na segunda etapa. O Grêmio se soltou e cresceu principalmente depois da entrada de Elano. Jogando quase como segundo atacante, o meia ocupou o espaço que antes estava vazio, clareou jogadas e ligou o time, que criou chances colocando seus meio-campistas na área para finalizar. O time de Renato Gaúcho quase saiu com um empate ou até uma vitória de uma partida em que foi totalmente dominado no primeiro tempo. O segundo jogo promete.

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