segunda-feira, 8 de julho de 2013

Taques e a borduna social


O senador deveria exigir a demissão de Kamil e a prisão de Oscar Bezerra

O senador Pedro Taques (PDT), quando coloca uma coisa na cabeça, dificilmente alguém consegue convencê-lo do contrário. Ao que tudo indica, ele cismou que todos nós somos uns abestalhados, sem muita inteligência.

Com essa convicção, o senador nada suavemente em um mar de contradições e, como parte da imprensa não enxerga, ou faz que não vê, Taques navega em céu de brigadeiro, sem turbulência.

"Ele é mais esperto, mais inteligente que todos. É a ultima bolachinha do pacote e, nós, um bando de idiotas, acostumados a dizer “amém” a tudo o que ele faz"
Depois de surrupiar o projeto que torna hediondo o crime de corrupção de seu colega e companheiro de partido, senador Cristovão Buarque, e apresentá-lo e aprová-lo como sendo seu, Pedro Taques ganhou uma boa mídia, coisa que ele persegue com obsessão.

Na sequência, Taques comemorou como vitória a aprovação da lei da Ficha Limpa para cargos comissionados e concursados. Entretanto esqueceu-se de um pequeno detalhe, como explicar para sociedade a sua indicação de Kamil Fares (PDT) para ser secretário de Saúde de Cuiabá?

Como é do conhecimento de todos, Kamil foi condenado pela Justiça Federal por fraude em desapropriação e foi, recentemente, acusado de nepotismo. Não quero, aqui, entrar no mérito da questão: culpado ou inocente, isto não vem ao caso. O fato que é que Fares foi condenado. Ponto. E, sendo assim, não poderia exercer cargo de confiança, segundo a lei aprovada no Senado.

Na ótica do senador Taques, isso não tem a menor importância, afinal ele está acima do bem e do mau... Ele é mais esperto, mais inteligente que todos. É a ultima bolachinha do pacote e, nós, um bando de idiotas, acostumados a dizer “amém” a tudo o que ele faz.

Se sua incoerência se resumisse a este fato, menos mal. Mas a coisa não para por aí. Veja, por exemplo, o nível das pessoas que hoje estão no comando do seu partido, em Mato Grosso.

Recentemente, o senador convidou o ex-prefeito de Barra do Garças, Wanderlei Farias, para ingressar no PDT. O perfil de Wanderlei todos em Barra do Garças conhecem muito bem, e quem não conhece, basta dar um “checadinha” no site do Tribunal de Justiça.

Outro membro de seu grupo, o ex- prefeito de Juara, Oscar Bezerra, atacou um deputado, ontem, com uma borduna indígena, tentado atingi-lo na cabeça. Depois, se vangloriou do ato de extrema violência, dizendo que quem manda em Juara é ele.

Este ato deve ser, sumariamente, repudiado por toda sociedade, principalmente, pelos eleitores de Juara.

Esse viés autoritário, de “coronelismo”, já estava enterrado em Mato Grosso. Imagina, senhores leitores, do que essa turma será capaz se chegar ao poder!

"Se o senador pretende, realmente, se candidatar ao governo em 2014, ele deve urgentemente exigir a exoneração do secretario de Saúde de Cuiabá, Kamil Fares. Mais: tem que exigir a rápida exoneração do enteado e da filha da deputada Luciane Bezerra"
Para quem não sabe, Oscar Bezerra é marido da deputada Luciane Bezerra, que tem a filha e o enteado (filho de Oscar) nomeados com polpudos salários na Secretaria de Saúde de Kamil Fares. Ambos, filha e enteado, foram acusados de não trabalharem no período exigido por Lei, ou seja, de serem “fantasmas”.

Depois, as ditas “otoridades” dizem que a saúde não tem verba... Tem, e está sobrando!

No ano passado no calor das discussões sobre a eleição para prefeito de Cuiabá, Taques exigiu de Mauro Mendes o compromisso de cumprir seu mandato até o fim, dizendo, literalmente: “sou contra qualquer pessoa que use o mandato como trampolim”.

Mauro respondeu à altura: “pau que dá em Chico, também dá em Francisco”.

Agora, o senador desfila descaradamente por aí, como candidatíssimo ao governo em 2014, no meio de seu mandato. Mas ele pode... A lei, as regras, a ética e a moral são para os inimigos, para ele e os amigos, a regra é outra: tudo é permitido!

Nas próximas eleições os políticos serão muito cobrados, os candidatos que estão no exercício do mandato serão bastante questionados. Não precisa ser expert no assunto para saber que haverá uma grande renovação nos quadros políticos.

Por isso, quem pretende continuar no mandato, ou conquistar outro cargo, terá que prestar contas, dizer e comprovar o que fez em benefício da sociedade, do Estado e dos municípios. E, principalmente, será cobrado pela coerência e pela conduta exemplar. Não vai colar o discurso “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Se o senador Pedro Taques pretende, realmente, se candidatar ao governo em 2014, ele deve urgentemente exigir a exoneração do secretario de Saúde de Cuiabá,
Kamil Fares. Mais: tem que exigir a rápida exoneração do enteado e da filha da deputada Luciane Bezerra; e a exoneração imediata de seu primo Ilde Taques.

O respeitável senador Pedro Taques precisa, também, usar a tribuna da do Parlamento Alto para denunciar favorecimento aos sócios e amigos do prefeito Mauro
Mendes (PSB), nas licitações da prefeitura de Cuiabá.

Precisa destituir o homicida da presidência do PDT em Santo Antonio do Leverger e pedir sua expulsão – além da prisão, pois é inconcebível ter um assassino confesso nos quadros partidários.

Precisa, também, exigir a prisão de seu companheiro Oscar Bezerra, pela tentativa de homicídio contra um parlamentar. Isso seria o básico para o senador tentar a agregar um pouco de legitimidade ao seu discurso moralista. Mas, para continuar como paladino da ética, tem muito mais o que explicar acerca dos que estão em torno dele, de seus companheiros de partido, assim como de alguns amigos íntimos.

Com a força das mídias sociais, idiota, na verdade, é quem pensa que pode sustentar uma candidatura à base do “oba-oba”, com discurso de falso moralista, calcado na hipocrisia e na demagogia – inimigas da democracia.

Quem insistir nesta tese, não se engane, levará uma “bordunada eleitoral”, bem no meio da testa.

RODRIGO RODRIGUES é jornalista e analista polític

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