segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

inop: especialista afirma que pressões ambientais são retaliações externas


Estou postando esta entrevista pela importancia do tema .Como ja mencionei  varias vezes, este tipo de informação precisaria ser discutido nas escolas.
 
 
Fonte: Marco Aurelio Junior especial para Só Notícias

O advogado Antônio Fernando Pinheiro Pedro, que atua na advocacia especializada em Direito Ambiental desde 1985, presta consultoria e atua no contencioso administrativo e judicial, fez, há poucos dias, palestra para engenheiros em Sinop, a convite da AENOR -Associação dos Engenheiros de Mato Grosso. Consultor do Banco Mundial, com vários projetos já concluídos, membro do Comitê de Energia e Desenvolvimento Sustentável e da ICC Green Economy Task Force, da Câmara de Comércio Internacional (CCI) e membro da Comissão de Meio Ambiente do centenário do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), ele analisa a forma como ambientalistas, economistas, governo, produtores têm procurado nos últimos anos por em prática a ideia de desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental. Em regiões como a Amazônia, por exemplo, essa ideia tem gerado vários embates entre Organizações Não Governamentais, políticos e classe rural. Segundo o advogado, para se chegar à sustentabilidade é necessário, primeiramente, ter conhecimento sobre a Lei que rege o Meio Ambiente no Brasil.
Na entrevista, exclusiva ao Só Notícias, faz criticas a conduta governamental e coloca a burocracia como um dos principais entraves para o desenvolvimento econômico sustentável.

Só Notícias: Qual é o grande desafio para quem mora na região amazônica e quer produzir de forma sustentável?
Antônio Fernando Pinheiro Pedro: O principal desafio é compreender efetivamente como funciona nossa legislação ambiental. Infelizmente, hoje, essa legislação ambiental é como uma caixa preta, que é manipulada somente por uma parcela do poder público interessada em criar obstáculos à produção, quando na verdade este instrumento está posto no cenário nacional para dar suporte à produção. Então, primeiro há um erro de entendimento, que não é um erro de entendimento somente por parte do cidadão comum, é um erro de entendimento principalmente de quem deveria aplicar corretamente esta Lei. Outro grande obstáculo é esta pressão internacional desmesurada e mal intencionada, que de certa maneira é sentida e é assentida por uma parcela de indivíduos encostados ou acostados no poder público, que, por uma má compreensão da norma legal, acaba obstruindo o avanço da produção nacional de alimentos.
                               
Só Notícias: Quem é essa parcela encostada e acostada?
Antonio: A parcela encostada é a parcela nomeada. A parcela acostada é aquela que obviamente já está dentro da estrutura porque tem cargo de carreira. Atualmente temos vários elementos que precisam ser obviamente revistos. Primeiro, o próprio Ministério Público precisa repensar um pouco o seu papel. O próprio conselho nacional do MP já está observando até que ponto o posicionamento de determinado promotor é efetivamente de interesse da ordem pública ou de interesse de determinada ideologia ambientalista.
Só Notícias: Quais são esses reais interesses internacionais em barrar a produção ou defender tanta a "proteção" para Amazônia?

Antonio: Primeiro, nós temos que lembrar que o Brasil se inseriu na produção de grãos, em especial da soja, há pouco menos de 40 anos. Na década de 1970 o Brasil não era um produtor de soja, passou a ser depois do boicote americano ao fornecimento de soja ao Japão. Este erro estratégico dos Estados Unidos fez com que houvesse um investimento para soja no Brasil e a partir de então nós nos transformamos nos grandes produtores, mas isso não veio gratuitamente. As reações norte-americanas com referência à perda do mercado da soja, somada com a reação britânica é muito grande. Essa reação internacional não vem em forma de uma pressão explicita, ela vem na forma de uma militância paralela, na criação de barreiras tarifárias, um discurso pseudo-ambiental que nada mais é do que uma tentativa de reduzir a competitividade do nosso produto.

Só Notícias: Então ONG"s como o Greenpeace e a WWF são usadas?
Antonio: Não digo que são usadas. Acho que há uma conjugação de esforços. A WWF Internacional é presidida pelo príncipe Charles atualmente e o seu Conselho já foi presidido pelo príncipe Philip, um dos europeus mais conservadores. Por tanto, devemos sempre observar o trabalho dessas ONG"s com uma visão muito critica, porque nem sempre o posicionamento delas é um posicionamento gratuito.

Só Notícias: Então é ingênuo quem pensa que essas organizações estão preocupadas somente com a preservação da fauna e flora?
Antonio: Em economia, ingenuidade é a morte. Não há, absolutamente, almoço grátis e nós temos que observar isso com outro olhar. Não existe bom e mal. Não existe maniqueísmo. Não existe inferno e céu em economia. A economia caminha a passos largos nas direções de suas próprias demandas e nós não podemos observar atores como as ONG"s, a própria sociedade e os órgãos públicos como atores isentos. Eles não são e nós não temos o direito de sermos também.

Só Notícias: Levando em conta esses entraves, o Código Florestal resolve esta questão?
Antonio: Não, mas ele é um capítulo no sentido de tentar obter uma melhor resolução para desobstruir o avanço na nossa economia.

Só Notícias Quais são os próximos capítulos?
Antonio: A Emenda Constitucional, a Lei Complementar 140 que estabelece as condições para o licenciamento ambiental da União, dos estados e dos municípios. Enquanto se discutia o Código Florestal, o governo empreendeu um avanço dentro do Congresso Nacional e sancionou finalmente uma Lei Complementar que soluciona em grande parte os conflitos de licenciamento que nós acompanhamos atualmente, o que é um grande passo. O outro passo são as medidas tendentes a melhorar e reduzir os prazos dos licenciamentos ambientais dos estados. Terceiro ponto é reduzir a judicialização do licenciamento e da gestão ambiental.

Só Notícias: A corrupção nos órgãos públicos é outro entrave para melhorar a situação?
Antonio: A corrupção nos órgãos públicos é efetivamente um fenômeno que tem que ser visto de maneira muito critica e muito séria. Primeiro está relacionada ao excesso de burocracia. Quanto mais burocracia tivermos, maior o índice de corrupção. Já diziam os romanos: ‘Para o burocrata, toda solução é um problema". Então nós precisamos observar claramente esta lição milenar para reduzirmos nossa burocracia.

Só Notícias: Qual a dica do senhor para quem quer produzir de forma sustentável na Amazônia?
Antonio: Ser proativo. O que está faltando por parte, não somente dos governos, mas principalmente do setor produtivo do Centro Oeste, é ser proativo. Ir à frente. Estabelecer ele mesmo os próprios caminhos para a sustentabilidade. Não esperar que isso caia do céu ou seja fruto de uma dádiva do governo.

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