quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Remédios e cosméticos derivados do gengibre amargo, para tratamento contra câncer, e farinha de pupunha.


Remédios e cosméticos derivados do gengibre amargo, para tratamento contra câncer, e farinha de pupunha são  licenciados


  • Biólogo Carlos Cleomir Pinheiro, autor de pesquisa que identificou potencial farmacêutico do gengibre amargo
  • Biólogo Carlos Cleomir Pinheiro, autor de pesquisa que identificou potencial farmacêutico do gengibre amargo

O tratamento contra o câncer vai receber um aliado amazônico em dois anos, quando a zerumbona, princípio ativo do gengibre amargo estará no mercado consumidor.
O gengibre amargo é um dos dois produtos que, após 15 anos sendo estudado pelo doutor em biotecnologia Carlos Cleomir Pinheiro, foi licenciado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) para uma empresa privada.
O outro produto licenciado é a farinha de pupunha a partir da hidratação do fruto sem casa, desenvolvida pela pesquisadora Jerusa Andrade.
A assinatura do licenciamento dos dois produtos aconteceu nesta quarta-feira (30), na diretoria do Inpa. Esta é a primeira vez que o Inpa, em 57 anos de existência, licencia produtos para escala comercial a partir de trabalhos desenvolvidos pelos seus pesquisadores.
Há cinco anos, outro produto, a sopa de piranha, também chegou a ser licenciado, mas o proprietário da empresa que assinou o contrato foi uma das vítimas do acidente aéreo da empresa de aviação Gol. O licenciamento foi rescindido e retornou ao Inpa.
O gengibre amargo, encontrado em várias regiões da América Latina, e a farinha da pupunha, foram licenciados respectivamente pelas empresas Biozer da Amazônia Indústria e Comércio de Cosmético Ltda e pela Néctar Frutos da Amazônia.
A previsão é de que em março de 2012 outros 12 produtos resultados de pesquisa sejam licenciados para empresas de grande porte, sendo que algumas delas tem abrangência nacional.
Câncer
Como potencial para ser utilizado na indústria farmacêutica como produto medicinal e cosmético, o gengibre amargo (Zingiber zerumbet) estará no mercado em dois anos, segundo Daniely Pinheiro, sócia da Biozer da Amazônia.
Já existe a perspectiva de que, quando fabricado, o produto faça parte da lista de medicamentos aplicados a pacientes da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecom).
O projeto está sendo analisado pelo conselho de ética da instituição, para tratamento paliativo, destinado a pacientes que já passaram por radioterapia e quimioterapia.
A identificação do potencial do gengibre amargo ocorreu há mais de 15 anos. Até então, segundo Carlos Cleomir Pinheiro, ele era utilizado apenas como ornamentação na região amazônica.
 “Descobrimos esse gengibre por acaso, numa área do Tarumã, em Manaus, pensando que era o mesmo gengibre, a mesma mangarataia. Observamos que em toda a parte de Manaus havia”, conta.
Ele explica que a partir de um trabalho de pesquisa, de revisão bibliográfica, foi observado que esse tipo de gengibre é muito consumido nos países asiáticos.
“Mas eles utilizam nos alimentos, como mistura de várias ervas e como tratamento tradicional. Os estudos hoje mostram que esse tipo possui um composto chamado zerumbona e tem potente ação citotóxica para vários tipos de cânceres, sobretudo por aqueles provocados por vírus do herpes, que são pele, colo do útero, fígado”, disse o pesquisador.
A diferença entre o uso do gengibre amargo na Ásia para o pesquisado na Amazônia, é que naquele continente o produto não é industrializado.
“Esse nosso gengibre é igual o de lá, mas desenvolvemos um trabalho de aprimoramento. Nós melhoramos o processo de obtenção do composto, para o uso de outras atividades farmacológicas terapêuticas”, explica.
No mercado local, a empresa vai trabalhar com várias linhas de produtos na indústria farmacêutica, terapêutico e cosméticos à base neste tipo de gengibre.
Segundo Daniely Pinheiro, a Biozer vai iniciar no mercado justo com os produtos licenciados pelo Inpa.
“Essa transferência tecnológica vai dar valor enorme aos produtos. O gengibre é muito conhecido. Mas na Ásia é uma especiaria na alimentação e nos condimentos. Não existe uma empresa no mundo que tenham esses produtos, nem na Ásia. Nossa meta é levar nossos produtos localmente e mundialmente”, conta Daniely.
A intenção, segundo Daniely, é buscar parcerias com empresas nacionais para incrementar os investimentos.
Farinha
O proprietário da Néctar Frutos da Amazônia, Márcio Navegantes, diz que a perspectiva é de lançar em até um ano a farinha da pupunha no mercado regional. A empresta já trabalha com produtos da região, fabricando doces e geléias.
“A farinha é algo primário. Mais adiante queremos desenvolver os derivados, que seria o míngua, farinha para bolo, pais integrais. A farinha da pupunha é igual a farinha comum, mas é altamente nutricional”, explicou.
Inovação
A entrada do Inpa no processo de transformação do conhecimento em um produto destinado à escala comercial começou em 2002, quando foi criado um núcleo que atuasse especificamente na inovação tecnológica.
Quando o núcleo foi transformado na Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação, o setor obteve mais autonomia para cortar obstáculos, sobretudo burocráticos.
O papel da coordenação é atuar como ponte entre o pesquisador e sua equipe e a empresa interessada em comercializar o produto resultado destas pesquisas.
A recompensa financeira dos autores do produto ocorre por meio de royalties, a partir das patentes depositados.
Conforme a coordenadora de extensão tecnológica e inovação, Rosângela Bentes, a postura do Inpa enquanto seu modelo de negócio para essas empresas é de permitir receber por meio de royalties. Serão beneficiados o pesquisador, sua equipe, a instituição e a coordenação responsável pelo trabalho de inovação”, disse.
"Inovar é simples. Basta valorizar as pessoas, entender a demanda, propor mecanismos para harmonizar os interesses comuns entre a pesquisa e as empresas, sobretudo quando se trata de micro-empresa", disse ela.
Fonte Acirtica

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