terça-feira, 21 de maio de 2013

COMBUSTÃO ESPONTÂNEA DAS MASSAS?



Por Carlos Chagas

 
                                                       
Apesar de passar o dia em Pernambuco, ontem, a presidente Dilma manteve-se atenta, cobrando  de diversos ministros, pelo telefone, providências para o imediato  resultado das investigações sobre os responsáveis  pela boataria que tomou conta do país no fim de semana, sobre a interrupção e até a extinção do bolsa-família. O ministro da Justiça ficou o tempo todo ligado com a presidente,  dando conta do trabalho da Polícia Federal, abrangendo os doze estados onde foi maior a exasperação popular. Desde sábado à noite que Dilma passou a exigir a apuração da despropositada notícia.
                                                       
O governo não admite a hipótese da combustão espontânea. Algum pérfido objetivo, de mais pérfidos personagens,  deu início à difusão da mentira, que as redes sociais absorveram celeremente.
                                                       
A pergunta que se fazia em Brasília, por exigência da presidente da República, era “a quem interessou o crime?”
                                                       
Não se pode mais acusar os comunistas, como no passado. Eles já ganharam a  estratosfera. Também fica difícil acusar os tucanos, mesmo tendo eles se reunido em convenção, na capital federal, quando contundentes pronunciamentos foram feitos contra o governo. Afinal, eles reivindicam a paternidade do bolsa-família e não se cansam de repetir que manterão o programa, quando chegarem ao poder.
                                                       
Identificar a trama na imprensa sempre crítica à administração do PT também não dá. Nenhum jornalão ou rede de televisão abriu espaço para divulgar  o boato, passando todos a registrar apenas seus efeitos em grande número de cidades, onde agencias bancárias foram invadidas. No caso, prevalece a máxima de que a imprensa aumenta, mas não inventa.
                                                       
Teria sido aquela parcela do empresariado sempre de má vontade com o governo? Jamais nos fins de semana, onde seus expoentes espalham-se entre o mar e a montanha. Dos sindicatos não há que falar, muito menos da Igreja, empenhada em celebrar o Pentecostes.
                                                       
Aliados descontentes com falta de favores e benesses? Não depois da votação da medida provisória dos Portos, aprovada às custas  de montes de promessas do palácio do Planalto de que agora serão atendidos em seus pleitos. Os sabotadores do PT que ainda sonham com a substituição de  Dilma pelo Lula, como candidato presidencial no ano que vem? Seria mais do que  um tiro no pé, pois na cabeça, se chegassem a tanto.
                                                       
Fica então o mistério, dentro de um enigma, envolto por uma charada:  que forças  desencadearam a crise, em   dado momento levando o governo à exasperação?   Vale  repetir, as redes sociais podem ter servido de instrumento para inocular o medo e a indignação nas camadas beneficiadas pelo bolsa-família, mas não foram a  sua causa. Na hipótese de malograrem as investigações da Polícia Federal, será suficiente alegar  a combustão espontânea  das massas? Melhor convocar Sherlock Holmes, monsieur Poirot e  o comissário Maigret, porque esse bando de novos detetives surgidos de medíocres autores policiais não darão para a tarefa investigativa... 

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