quarta-feira, 1 de junho de 2011

Oposição consegue convocar Palocci em comissão da Câmara


Fonte Agência Brasil

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara de Deputados aprovou, na manhã desta quarta-feira, a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Depois de várias frustradas, a oposição conseguiu aprovar requerimento do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para que o ministro explique os termos da consultoria prestada pela empresa Projeto a empreendimentos do ramo agroindustrial, o que teria redundado em um aumento de cerca de 20 vezes no patrimônio de Palocci.

O requerimento se baseia em matéria do jornal Folha de S. Paulo para justificar a convocação, afirmando que a soma bruta de R$ 974 mil que Palocci teria recebido como parlamentar "seria insuficiente para as aquisições recentes feitas pelo ministro: um apartamento e um escritório, ambos na cidade de São Paulo. O primeiro, ao valor de R$ 6,6 milhões, fica no nobre bairro dos Jardins. Já o escritório, comprado por R$ 882 mil, fica na rua mais cara do País, a Avenida Paulista!", relata o texto assinado por Lorenzoni.

Segundo o democrata, entre as empresas para as quais a Projeto prestou consultoria "encontram-se algumas do ramo agroindustrial, quais sejam, Sadia Holding e Vinícola Aurora" e que, por isso, "é de fundamental importância" que sua Comissão se aprofunde no assunto para "avaliar qualquer possível favorecimento em razão da posição política ocupada" pelo principal membro do gabinete da presidente Dilma Rousseff.

Leia parte do artigo de Alexandre Garcia é jornalista da globo em  Brasília
Parece que vergonha é o que se perdeu, com a impunidade, o conceito de que dinheiro do público é de ninguém - e a cultura de que estar dentro da lei é para trouxa. Detentor de um mandato público remunerado pelo contribuinte, Antônio Palocci fatura 20 milhões em um ano, em pleno mandato de deputado federal e na coordenação da campanha de Dilma, e não se sente obrigado a explicar quem pagou e para quê, ainda que metade disso tenha sido auferido depois da eleição presidencial.


Há a certeza de que não reagimos, de que não nos escandalizamos, de que somos imbecis e aceitamos qualquer desculpa. A mais forte explicação para o gigantesco faturamento de Palocci nos últimos meses do ano passado é a de que precisava encerrar contratos de consultoria, então eles foram quitados. Como assim? Pagaram sem receber o serviço? Se tenho contrato com a Globo até o fim deste ano e ela me paga tudo agora, não há dúvida que fico devendo o serviço. Também falta explicar, como lembrou o Elio Gaspari, para onde foi tanto dinheiro, já que apenas pouco mais de 7 milhões foram aplicados em dois imóveis. Até a vida privada do homem público tem que ser transparente, como aliás Palocci sentiu com o indiscreto caseiro da casa de encontros.

Casos assim passam, porque são um grão de terra no lamaçal. Acontecem em toda a parte do serviço público. Também acontecem na empresa privada, mas o dinheiro da empresa privada é privado e ela certamente não descansa enquanto não obtiver o reembolso. No setor público, reembolso é coisa rara. Proteção, blindagem, espírito de corpo é coisa frequente. Nos Estados Unidos, algemam; no Japão praticam o suicídio; na China, a família paga a bala da execução. Aqui, alguns milhares de eleitores trazem de volta o seu representante.

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