sábado, 27 de novembro de 2010

Seis presos por extração ilegal de madeira em área indígena de Juína.

 Fonte Diario de Cuiaba
Com a prisão de seis pessoas, a Polícia Federal (PF) quebrou ontem, na Operação Pharisaios, um esquema criminoso de exploração de madeira da Terra Indígena Serra Morena, da etnia cinta-larga, em Juína (a 735 Km de Cuiabá). Os presos, cujos nomes não foram divulgados, são madeireiros e empresários que estavam sendo investigados há um ano.
Segundo a PF, o esquema investigado era facilitado por pelo menos seis líderes indígenas que – embora sejam apontados como vítimas no inquérito federal - autorizavam a entrada dos madeireiros em Serra Morena a fim de extrair madeiras raras, incluindo mogno e ipê.
As toras, depois eram “esquentadas” com guias florestais simulando que a madeira havia sido retirada de áreas de planos de manejo, tudo contando com brechas no sistema de controle florestal da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

O esquema – cuja existência é estimada em até 20 anos - vinha sendo investigado pela PF após informações obtidas durante a operação Arco de Fogo. As denúncias, algumas remontando a 2006, e as apreensões de armas, máquinas (até uma serraria móvel dentro da terra indígena) e veículos proporcionaram algumas pistas que levaram a Inteligência da PF à identificação dos madeireiros envolvidos.

A Justiça Federal acabou expedindo 10 mandados de prisão, dois de condução coercitiva e 24 mandados de busca e apreensão. Sob o nome de Operação Pharisaios (“fariseus”, do grego), 140 policiais cumpriram os mandados ontem. Ainda falta cumprir quatro prisões temporárias, mas outras cinco pessoas foram presas por porte ilegal de arma no momento da operação.

Entre os materiais apreendidos estão documentos, caminhões, pás-carregadeiras, escavadeiras e reboques.
Os seis que tiveram prisão temporária decretada (cinco dias prorrogáveis) devem responder por uma série de crimes: exploração de floresta da União, danos à área de preservação permanente, transporte ilegal de madeira, formação de quadrilha armada, falsidade ideológica, porte ilegal de arma, receptação qualificada.

Os madeireiros e empresários agora estão proibidos de realizar qualquer extração, com seus cadastros suspensos no sistema da Sema. Ainda será levantada a quantidade de madeira extraída de Serra Morena e a PF pretende ainda realizar uma auditoria no sistema de emissão das guias florestais (Sisflora), que teria “falhas grosseiras”. Também será apurado se houve participação de servidores no esquema.

DANOS - Até o momento, a estimativa do delegado federal Wilson Rodrigues é de que Serra Morena tenha sofrido um prejuízo de pelo menos R$ 2 milhões em madeira extraída, a julgar pelos laudos produzidos por análise de satélite e considerando o preço médio do metro cúbico da madeira. Ele afirma que os índios foram ludibriados a cooperar com a exploração criminosa. “Eles foram ludibriados”.

Independente do número de madeira retirada, o superintendente do Ibama em Mato Grosso, Ramiro Costa Martins, declarou que “o prejuízo para o meio ambiente vai além disso. O importante é que nós estamos conseguindo reverter um jogo que já vem de 500 anos”.

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