sábado, 11 de dezembro de 2010

Texto publicado no site 24horasnews sobre Projeto Aripuanã

Nota do editor: Li o texto e percebi que de fato a Jornalista conhece a Historia do Projeto Aripuanã, porem percebi que como a maioria dos jornalistas que não vivem na Amazonia, Ela tambem  esta tomada pela sindrome do ambientalismo radical ,com um profundo preconceito contra os desbravadores sulistas que fizeram desta terra  um lugar para se viver . Bravos migrantes,  sim.   A moto - serra era, e   é , apenas um instrumento de trbalho  para eles,assim como a caneta ou o computador é dos Jornalistas.


UFMT 40 anos: Projeto Aripuanã perdeu para os "bravos migrantes da moto-serra"


Texto de: Sandra Carvalho

Se as propostas do Projeto Aripuanã defendidas há 38 anos pela então Universidade da Selva (Uniselva) – hoje UFMT - fossem totalmente atendidas, Mato Grosso seria outro. Aquele que seria o momento histórico de conquista racional da Amazônia Norte do Estado foi perdido para os “bravos migrantes da moto-serra”.

É assim, desacreditado na revitalização de um projeto que priorize a pesquisa, que o ex-jardineiro, médico e fundador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Gabriel Novis Neves se refere ao Projeto Aripuanã, por ele defendido com a mesma força de um bravo guerreiro logo após a fundação da Uniselva.

Segundo Gabriel Novis, o projeto Aripuanã, que criava um núcleo de pesquisas ambientais no município de Aripuanã, a 1.251 km de Cuiabá, foi interrompido por uma série de problemas externos e internos. “O maior problema externo foi a 2ª crise mundial do petróleo. Todos os projetos de longa distância nos países ditos em desenvolvimento, e que eu os chamo de subdesenvolvidos, foram mortalmente atingidos. Quanto aos internos, pode depositar na conta dos nossos políticos chamados de estadistas!”, observa ele.

Um dos motivos que leva Gabriel Novis Neves a não acreditar na retomada do Uniselva está em evidência na imprensa esta semana. “Em um país cuja recente avaliação seu ensino fundamental demonstra que nos últimos 10 anos os alunos pobres continuam sem saber ler... Nas classes ricas houve uma melhora, bem inferior, proporcionalmente aos pobres do Chile!”

Sem medo de errar, o ex-reitor da UFMT e seis vezes secretário de saúde, diz que nutre hoje um sentimento de desolação em relação as políticas públicas nacionais e aos seus políticos. “Vivemos de publicidade e endeusamento do nada, tão referenciado por uma população que perdeu a sua auto-estima!”, completa.

Relembrando – Foi no município de Aripuanã, marco zero da rodovia Cuiabá-Santarém, na zona de transição entre o cerrado e a maior concentração de florestas tropicais do mundo, que o projeto Aripuanã deu seus primeiros passos. Em agosto de 1972, o primeiro reitor da UFMT, Gabriel Novis Neves, defendeu o projeto que acabou não vingando. No local, que fica num cenário deslumbrante, bem ao lado das cachoeiras Dardanelos e Andorinhas, resta apenas uma casa de madeira tipo palafitas.
O Projeto Aripuanã buscava a implantação da cidade científica de Humboldt cuja finalidade era a criação da tecnologia nacional que viesse ao encontro das reais necessidades do Brasil e respeitasse o meio ambiente.


Como a região sofria com a ameaça da malária, da existência de grandes espaços insalubres e da importação crescente de doenças de outras regiões, trazidas pela mão-de-obra migratória, Gabriel Novis Neves defendeu a implantação, naquela região, de um centro de pesquisas de doenças de massa e de doenças ambientais.

As metas operacionais do centro, planejadas pelo consultor científico da Universidade, Dr. Noel Nutels, incluíam estimular vocações à prática da medicina no interior e apoiar permanente e dinamicamente o trabalho diário dos profissionais formados na área.

UFMT, que em 1972 era a mais nova Universidade pública do Brasil, reconhecia, ao defender o Projeto Aripuanã, a necessidade da organização de um polígono de conhecimento da Amazônia e que seria constituído pela integração dos sistemas de pesquisas e ensino de todas as Universidades e centros de pesquisas localizados na área. “Acredito ser a alternativa mais rápida, sólida e racional para o desenvolvimento das atividades educacionais em nível superior”, disse Gabriel Novis Neves, primeiro reitor da UFMT, em seu discurso no I Encontro de Reitores das Universidades Públicas, realizado em Brasília no dia 17 de agosto de 1972.

E continuou em seu discurso: “Este grande polígono de forças científicas educacionais resultaria da interligação planejada e programada das Universidades num sistema geral de complementação de atividades de pesquisa e de Ensino Superior na Amazônia. Assim, a viabilidade da existência de um mecanismo geral, armazenador e redistribuidor de informação sobre a Amazônia, com diversos terminais zonais, se precipitam concretamente no futuro previsível. No panorama desta nação que emerge como uma nova potência internacional somente haverá lugar para uma única e poderosa Universidade da Amazônia – capaz de representar política e cientificamente o país no estabelecimento de acordos multinacionais de pesquisas e de ensino – envolvendo 9 países interessados, após 1980.”

O projeto não saiu dos primeiros passos. Visionário, hoje Gabriel Novis Neves não esconde o descrédito na retomada de um projeto semelhante ao Aripuanã e que, se tivesse vingado, poderia ter construído um Estado muito mais promissor e com muito mais qualidade de vida para o seu povo, para o país, para o planeta.

3 comentários:

  1. Fico agradecida pela publicação do meu material. Apenas uma rápida observação: a denominação "bravos migrantes da moto-serra" é uma declaração do dr. Gabriel Novis Neves e não minha. Grande abraço. Visito diariamente seu blog.

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  2. Do Editor:
    Fiquei feliz ao saber que voce visita meu blog. Preciso me desculpar por qualifica-la como ambientalista radical. Entenda, nós aqui na amazonia, sofremos os maiores ataques de pessoas que não entendem nossa disposição em criar cidades e meios de sobrevivencia.Se o projeto da Uniselva tivesse sido implantado com certeza ficaria tudo mais facil.E menos erros teriamos cometido contra o meio ambiente.

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  3. Companheiro, coloco o meu blog à sua disposição. Aliás, estou copiando uma matéria sua agora... com crédito para a sua página. Um excelente domingo! Ah... quem me dera estar aí hoje contemplando as cachoeiras... privilégio de poucos.

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