quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lula ‘reencarna’ na pele de gerente político de Dilma

Fonte Folha

Após entregar a faixa presidencial à pupila Dilma Rousseff, Lula dissera que iria “desencarnar”.

A disposição durou pouco, muito pouco, pouquíssimo. Nas últimas 48 horas, Lula reencarnou.

Já que Dilma não se mostra capaz e os ministros dela não se habilitam, Lula decidiu cuidar da articulação política.

Almoça com congressistas, ouve reclamações, anota pedidos, cobra ações, pede energia. Faz e acontece.

Na quarta (25), Lula esteve na casa do presidente do Senado, José ‘Incomum’ Sarney.

A animação fotográfica lá do alto resume a cena. Lula posa ao lado do anfitrião e de outros políticos governistas.

Súbito, Lula percebe que Michel Temer, vice-presidente da República, sairia mal na foto. Encontrava-se atrás do primeiro pelotão.

Lula como que tira Temer para dançar. Puxa-o pelo braço. Força-o, por assim dizer, a rodopiar. Acomoda-o na primeira fila.

Líder de Dilma no Senado, Romero Jucá disse, sem meias palavras: Lula assumiu a articulação política do governo da sucessora.

“Foi uma conversa entre amigos, com uma pessoa que já foi presidente da República e [tem] muita experiência a passar...”

“...Os líderes cobraram mais acesso, maior participação nas decisões. E o Lula pediu que colocássemos ali todas as questões pendentes”.

A exemplo do que fizera na véspera, em almoço com os senadores petistas, Lula pediu aos aliados que defendam Antonio Palocci.

Lula move-se para impedir que o chefe da Casa Civil, indicado por ele, seja convocado a dar explicações no Legislativo.

A reencarnação de Lula ocorre em meio à primeira crise política da gestão Dilma. Uma encrenca de que Palocci é protagonista.

Na noite de terça (24), Lula jantara no Alvorada com Dilma e com o próprio Palocci, tisnado pelo noticiário da multiplicação patrimonial.

Enquanto a tróica trançava garfos e facas, a Câmara impunha a Dilma a primeira grande derrota legislativa.

Aprovou-se o novo Código Florestal com todos os artigos que Dilma desejava derrubar.

Longe de ajudar, Lula contribui para debilitar o governo da sucessora. A desenvoltura do ex-soberano como que humilha a pupila.

Fica entendido que Dilma não consegue andar com as próprias pernas. Sob crise, depende da velha muleta. Péssimo sinal.

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