domingo, 24 de julho de 2011

Peixe aos montes no Teles Pires

Peixe aos montes no Teles Pires

221020 - 16:03:54
Fonte: EPTV
O Terra da Gente deste sábado (23/07)veiculou materia de Paranaíta, no Leste do Estado de Mato Grosso, região preservada no meio da Amazônia. A primeira parada foi na Pedra Preta, um importante sítio arqueológico com símbolos cravados na rocha pelos povos primitivos há cinco mil anos. Os pesquisadores tentam descobrir o significado desses desenhos. A viagem continua até a Lagoa Azul, uma nascente no meio da floresta que ajuda a formar a biodiversidade amazônica. A nossa câmera mergulha até o fundo da lagoa para mostrar a beleza da vegetação e a vida submersa. Chega bem perto da nascente que alimenta o berçário de peixes. As cores das flores lembram as pinceladas que formam paisagens em uma obra de arte. O Rio Teles Pires é o palco da pesca esportiva. Nossos pescadores desafiam as corredeiras e as águas tranquilas do rio. O resultado surpreende: aparecem jaú de até 12kg, tucunaré-amarelo, jundiá, pirarara de 10kg, armau....E mais: festivais de corvinas e cachorras, uma atrás da outra. A surpresa maior foi encontrar uma dupla de gaúchos exibindo uma piraíba de mais de 70 kg. Eles comemoravam a fartura do Rio Teles Pires.
Estrada da Aventura

O que podemos encontrar em um lugar com pouca gente e muita vida selvagem. O que a natureza esconde em uma região isolada que também faz parte da maior biodiversidade do planeta. Não parece, mas essa é a estrada da aventura! Nossa equipe decola com um monomotor de Alta Floresta, no Norte do Mato Grosso para atingir um ponto mais acima, às margens do Rio Teles Pires.
As áreas de vegetação densa contrastam com os trechos desmatados para a criação de gado. No portal da Amazônia, o Rio Teles Pires aparece majestoso, invade a floresta e segue desenhando um mosaico de curvas e ilhas.
No meio deste santuário de belezas naturais, brotam as corredeiras das Sete Quedas, símbolo da luta dos peixes que desafiam a força do rio durante a piracema. Não demora muito para avistar Paranaíta, um municÍpio de Mato Grosso que até o início dos anos noventa cresceu com a exploração do ouro.
O primeiro destino aqui é a Pedra Pedra. O lugar guarda um tesouro: um sítio arqueológico descoberto há 20 anos e tombado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Hoje ele é considerado um dos maiores painéis de pictografias do mundo e recebe a visita de pesquisadores e cientistas de vários países.
Calcula-se que ele tenha mais ou menos 5 mil anos, mas como a descoberta foi recente, ainda há muitos mistérios sobre esses desenhos a serem desvendados. A pictografia é uma escrita primitiva. Os desenhos gravados na pedra simbolizam as idéias e os costumes dos povos que viveram por lá.
Para conservar este patrimônio, só os pesquisadores têm acesso. O biólogo Jackson Carlos Aragão, guardião da Pedra Preta, sempre acompanha os estudos. Ele explica que os símbolos são diferentes e não existem outros iguais para fazer uma comparação. Até agora, a única pista é a grande serpente, que os Maias, Incas e Astecas também desenhavam. Jackson conta que os povos que viveram aqui são pré-históricos, de origem pré-colombiana. Os primitivos chegaram bem antes dos índios.
Curiosidade não falta, até a maneira de observar tem seus segredos. Dependendo da incidência da luz do Sol e de onde se olha, o desenho desaparece. Mas a medida em que mudamos o ângulo de visão, ele se revela. A cada passo, mais símbolos que formam o grande painel. Os pesquisadores acreditam que a Pedra não era usada como moradia. Pela vista privilegiada seria um local de cultos, encontros e celebrações. As marcas que não se apagaram com o tempo formam um elo com o passado. A civilização moderna agora precisa descobrir o significado.
A Lagoa Azul
Durante uma hora e meia nossa equipe desde o rio de barco até uma entrada estreita na margem direita. Daí o caminho segue estreito e com alguns obstáculos. Em alguns pontos a mata cicliar fechada dificulta o acesso e em outros o problema é a profundidade do canal que diminui. A única saída é arrastar o barco pra não danificar o motor. A água vai ficando mais clara e a vegetação se abre para revelar um paraíso: a Lagoa Azul. A área faz parte de uma reserva indígena e a tribo Caiabi controla a entrada dos visitantes.
A nossa equipe consegue a autorização para mostrar a riqueza desse lugar: sobre a água, um tapete colorido de folhas; o fundo da lagoa esconde um jardim. Com a câmera subaquática, o cinegrafista José Ferreira explora cada detalhe e as imagens surpreendem. Dá para chegar bem perto da nascente e acompanhar a água brotar do fundo. A Lagoa Azul também é berçário natural que abriga muitas espécies.
Dia de pescaria
Com a névoa ainda encobrindo o leito do rio seguimos para o nosso primeiro dia de pesca. O Rio Teles Pires nasce no município de Primavera-do-Leste, no Estado de Mato Grosso. Ele percorre 1.450 quilômetros até desembocar no Rio Tapajós, no Estado do Pará. Suas águas banham dois importantes biomas brasileiros: o Cerrado e a Floresta Amazônica. E, ainda, tem águas profundas, escuras e cachoeiras, um convite a pesca esportiva.
Primeiro é preciso atravessar corredeiras até o ponto escolhido para a pesca. A isca é natural, para atrair peixes de couro e ela tem que alcançar as corredeiras onde os grandes peixes procuram comida trazida pela correnteza. Logo acompanhamos o primeiro ataque e quem pega primeiro é o guia de pesca. Uma bela corvina! Depois é a vez do outro parceiro, Marcos Mozer, o Marcão, que aumenta a variedade: uma cachorra de cinco quilos. Só falta agora o nosso repórter-pescador, José Vantini.
Foi preciso mudar de ponto e de isca. Agora a tentativa é com minhocuçu. Quanto mais linha na água, claro, mais chances de fisgar um peixe, mas quando ele aparece e as linhas se cruzam, é confusão na certa. O grupo prepara então duas tralhas pesadas para peixe de couro e duas menores para a pescaria de arremesso.
Entre uma espera e outra, nada melhor do que um bom papo com nosso guia, seo Nelson Francisco de Araújo, nascido e criado na região. Ele conta que as máquinas nas margens do rio preocupam a comunidade ribeirinha. As equipes fazem o trabalho de pesquisa e levantamento de dados para a construção da usina hidrelétrica Teles Pires.
Nas pedras, perfurações e marcas com sinais e números. Pelo projeto do Governo Federal, a usina vai ser construída na cabeceira da cachoeira Sete-Quedas, modernidade que, por enquanto, só traz incertezas para o futuro. Enquanto a usina não chega, vamos aproveitar a generosidade do Teles Pires.
Marcão trabalha com a isca artificial de superfície, enquanto o repórter José Vantinieu vai com a de meia-água. Ele abre a pescaria de tucunarés. Daí tem até dublê, e a pescaria depois segue desembarcada e entre as pedras da margem. Os pescadores se revezam nas fisgadas, mas Marcão tem mais sorte neste dia.
Festival de peixes
Tem dias que é assim: quem acorda na beira do rio não vê o Sol nascer. A névoa encobre o horizonte e dificulta inclusive a navegação, mas isso não é problema pra quem quer se aventurar na pesca esportiva. As duplas de pescadores partem para mais um dia no rio e nossa equipe também embarca nessa.
O grupo mal chega no ponto... Foi lançar e Marcão pega mais uma cachorra e Vantini também não perde tempo, outra corvina. Mas não demora e todos voltam a atenção para acompanhar Marcão numa briga das boas. O peixe parece ser grande! Tanta ação que ninguém se lembra do tempo, mas o equipamento não resiste e o peixe leva a melhor.
Uma grande frustração, que só serve para tocar nossa equipe em frente. Tem mais peixe na ponta da linha, um jauzinho; um armau ou abotoado, e seguimos para outro ponto. Corredeira acima e o primeiro é do Vantini, o rei da Corvina. Na segunda queda, logo começam os ataques e mesmo assim é preciso manter a isca em movimento para atrair ainda mais os peixes. Dá certo, os pescadores afirmam que os peixes parecem fazer fila esperando pelas iscas.
Um festival de corvinas e, em seguida, outro de cachorras. A cachorra garante a emoção da pesca esportiva, com violentas arrancadas ao apanhar a isca. A bravura do peixe pra se livrar da isca é um espetáculo a parte. Pula...briga... resiste e dá um trabalhão para o pescador tirar da água.
A recuperação é importante para que a cachorra não se torne presa fácil de outros peixes. A contagem final é de nove a dois para o Marcão, mas uma dupla do Rio Grande do Sul teve ainda mais sorte. Eles mostram uma bela piraíba do Teles Pires.
A viagem mostrou que aqui o jogo da pesca sempre dá troféus aos vencedores.

Um comentário:

  1. Essa nossa região é muito rica mesmo em turismo, Pena que a gente não tem tanto acesso e apoio por parte das pousadas para desfrutar essas maravilhas, deveria ter um preço diferenciado pra gente que é daqui da região.

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