segunda-feira, 11 de março de 2013

Aldeia de antepassados alemães torce por Scherer para papa



A pequena aldeia Theley é a terra dos antepassados de Dom Odilo Foto: BBCBrasil.com
A pequena aldeia Theley é a terra dos antepassados de Dom Odilo
Foto: BBCBrasil.com

Uma pequena aldeia alemã chamada Theley, de pouco mais de 3 mil habitantes, acompanha o Conclave papal e torce pela escolha do cardeal brasileiro dom Odilo Scherer. A comunidade acompanha o Conclave "de perto, com muita atenção e orgulho", segundo o padre da St. Peters Kirche, a única igreja local, Ulrich Graf von Plettenberg. 
Se dom Odilo for eleito papa, o vilarejo "certamente irá celebrar", contou von Plettenberg à BBC Brasil. "Vamos badalar os sinos da igreja e abrir um livro para que a comunidade possa expressar seus desejos de boa sorte ao novo papa."
Foi deste pacato lugar no Estado de Saarland, no sudoeste alemão, fazendo fronteira com a França, que um grupo de alemães católicos partiu em busca de uma vida melhor no Brasil na segunda metade do século XIX.
Esse grupo fincou raízes em Cerro Largo, no Rio Grande do Sul e, dos descendentes Edwino e Francisca (nascida com sobrenome alemão Steffens), vieram onze filhos, entre eles, em 21 de setembro de 1949, Otto Scherer - que mais tarde mudaria o nome para Odilo, de pronúncia mais fácil para os brasileiros.
Contato entre comunidades
O interesse por Scherer em Theley se explica em boa parte pelo contato próximo mantido ao longo de mais de um século entre as comunidades dos descendentes que emigraram para o Brasil e a que ficou na Alemanha. O próprio dom Odilo esteve algumas vezes em Theley - a última em 2003, quando chegou a rezar uma missa na igreja local.
O brasileiro Dom Odilo Scherer é o 3º mais cotado pelas casas de apostas Foto: AFP
O brasileiro Dom Odilo Scherer é o 3º mais cotado pelas casas de apostas
Foto: AFP
Ele esteve hospedado algumas vezes na Casa Brasil, uma espécie de albergue que recebe, há mais de seis décadas, viajantes do mundo inteiro, em particular descendentes dos emigrantes brasileiros. A casa foi fundada e ainda é mantida por Mathilde Ludwig, 83 anos, que, segundo os jornais alemães, nutre uma relação próxima com dom Odilo, que se referia a ela como "tia Mathilde".
Theley pertence administrativamente à cidade de Sankt Wandel - que, não por acaso, é cidade-irmã de São Vendelino, no Rio Grande do Sul. A exemplo das cidades gaúchas daquela região, Theley tem uma larga proporção de católicos.
"Pelo menos 90% da cidade é católica", conta o padre von Plettenberg. "É uma característica única" de Theley. "A 20 quilômetros daqui a situação é inversa, há mais protestantes do que católicos, há uma variação grande."
Para o padre, haveria duas explicações para o fenômeno. "Por tradição, a comunidade sempre foi muito próxima à igreja". E "pela proximidade com a abadia beneditina e convento de Tholay", uma atraente construção gótica em uma cidade vizinha, Tholay.
A St. Peters Kirche, em Theley Foto: BBCBrasil.com
A St. Peters Kirche, em Theley
Foto: BBCBrasil.com
Presente 'inacreditável'
Quanto ao resto do país, apesar de o jornal alemão Die Welt ter escrito que a escolha de Scherer para papa seria "um presente inacreditável para a Alemanha", fica difícil saber se o entusiasmo ou a torcida pelo brasileiro é a mesma do que em Theley.
O presidente do Fórum dos Alemães Católicos, Hubert Gindert, disse à BBC Brasilque os católicos alemães, que estiveram "divididos na apreciação do papado de Bento XVI", "sabem muito pouco" sobre Scherer e suas ideias.
Die Welt diz que Scherer "conhece bem o país de seus antepassados, fala nossa língua e tem várias ligações com o país", em um recente perfil sobre o brasileiro. O jornal ouviu representantes da comunidade católica da cidade de Bad Vilbel, no Estado de Hessen, onde Scherer foi padre "cobrindo férias" nos anos 80, que se lembram que ele chamou a atenção pelo "alemão antigo que falava, fortemente influenciado pelo dialeto falado pelos seus antepassados".

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