quinta-feira, 7 de março de 2013

"Não posso compactuar com uma fraude", diz suplente Paulo Fiuza admitiu que ata de registro de candidatura foi fraudada em 2010


Agência Senado/Reprodução
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O senador Pedro Taques e o suplente Paulo Fiuza (no destaque): ata fraudada

O empresário Paulo Fiuza, segundo suplente do senador Pedro Taques (PDT), admitiu, com exclusividade ao MidiaNews, que a ata do registro de candidatura da chapa de Taques ao Senado foi fraudada nas eleições de 2010. Ele resolveu quebrar o silêncio mais de dois anos após o ocorrido, em função de ter sido intimado pelo juiz eleitoral José Luis Blaszak a se pronunciar sobre o caso.

“Eu não posso compactuar com uma fraude. Eu nunca me manifestei publicamente sobre esse assunto, mas fui forçado a isso pela ação judicial. Então eu não iria me defender dizendo que aquilo estava tudo certo, porque não está”, disse Fiuza.
"Eu não posso compactuar com uma fraude. Eu nunca me manifestei publicamente sobre esse assunto; eu não iria me defender dizendo que aquilo estava tudo certo, porque não está"

Ele foi arrolado no processo movido pela coligação de Carlos Abicalil (PT), adversário de Taques à época, que acusa falsificação na ata. O petista, que ficou em terceiro lugar na disputa pelo Senado, atrás de Taques e de Blairo Maggi (PR), pede a impugnação do mandato do senador do PDT.

O juiz determinou um exame grafotécnico (que determina a autenticidade e autoria de escritas) para avaliar se as assinaturas e rubricas constantes na ata foram feitas pelas mesmas pessoas .

No último dia 26 de fevereiro, o empresário, que reside em Sinop, protocolou um ofício no TRE, respondendo à intimação de Blaszak. No ofício, o advogado de Fiuza, Marco Aurélio Fagundes, aponta, ainda, os itens que devem ser observados para que a adulteração seja comprovada.

“O impugnado Paulo Pereira Fiuza Filho não reconhece como autêntica a ata constante às páginas 249 a 252. A ata original que substitui os suplentes é aquela constante às folhas 803 a 805. A perícia grafotécnica, a ser realizada pela Polícia Federal, deverá comparar a folha 250 com a folha 803, aonde o ‘item 6’ foi excluído ata de fl. 803, bem como as rubricas constantes das duas páginas supracitadas”, diz trecho do documento.

Reprodução
O empresário Fiuza, que enviou ofício à Justiça Eleitoral
A ata em questão diz respeito à substituição de Zeca Viana (PDT) no posto de primeiro suplente, já que ele decidiu abrir mão da indicação para concorrer ao cargo de deputado estadual, para o qual acabou se elegendo.

De acordo com Fiuza, o documento original o colocava como primeiro suplente, no lugar de Zeca Viana, e deixava a vaga de segundo suplente em aberto para que a coligação indicasse alguém.

A defesa de Fiuza alega que a ata em que os suplentes de Taques são trocados continha três folhas, e a segunda foi fraudada – justamente a página que oficializava a candidatura do empresário como primeiro suplente de senador.

Ameaça e omissão
Fiuza lamentou, ainda, o fato de Pedro Taques não tê-lo defendido quando José Medeiros o acusou de tê-lo ameaçado para assinar o pedido de correção da ordem de suplência, após as eleições.

"A única coisa que eu sinto é o fato de o Taques ter se omitido, e não ter me defendido na imprensa quando me acusaram de ameaça"
“A única coisa que eu sinto é o fato de o Taques ter se omitido, e não ter me defendido na imprensa quando me acusaram de ameaça. Quem discutiu com o José Medeiros, conforme o próprio Taques me relatou, foi o Oscar Bezerra (ex-prefeito de Juara e marido da deputada Luciane Bezerra). Eu não tive nada a ver com isso, e o Taques não me defendeu quando eu fui acusado”, disse.

A assessoria de Taques encaminhou, no início desta semana, uma nota à redação sobre a polêmica, dizendo que o senador não se pronunciaria sobre o caso.

"O pedido de exame grafotécnico sobre ata de registro de candidatura da coligação “Mato Grosso Melhor Pra Você”, assinado pelo juiz eleitoral José Luis Blaszak, diz respeito aos registros dos suplentes do pedetista, José Medeiros e Paulo Fiúza", diz a nota.

"A candidatura do senador foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral no dia 5 de julho de 2010, tendo como primeiro suplente Zeca Viana e segundo suplente Paulo Fiúza. Posteriormente, Zeca Viana decidiu candidatar-se a deputado estadual. Com esta renúncia, a coligação substituiu o primeiro suplente por José Medeiros. A ação de impugnação de candidatura contesta o registro dos suplentes, não interferindo sobre o registro de candidatura e, consequentemente, mandato do senador Pedro Taques", completou.

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