sábado, 5 de fevereiro de 2011

Quadrilha sequestra família e mata casal .Após acertar loteria e receber R$ 1,4 milhão, garimpeiro virou alvo do "amigo" e acabou morto ao lado da mulher

fonte Gazeta digital
Quatro homens foram presos acusados de planejar e executar o sequestro e assassinato da família de 1 garimpeiro no município de Pontes e Lacerda (448 km a oeste de Cuiabá) ganhador do prêmio da Quina, no valor de R$ 1,4 milhão. Um quinto envolvido está foragido.

Segundo a Polícia, o sequestro foi planejado por Raimundo Nonato Pereira da Silva, conhecido por "B18", que reside em Cacoal no Estado de Rondônia, e Ivan Rosa Moreira, 45, morador de Várzea Grande. O sequestro e execução das vítimas também contaram com ajuda de Luiz Paulo da Silva, 22, Lauro Rosa Bueno, 22 (sobrinho de Ivan), e Ricardo Oliveira Queiroz, 27. Um funcionário da Caixa Econômica Federal (CEF) de Porto Velho (RO) também foi acusado.

As investigações começaram em outubro passado, quando vizinhos denunciaram o sumiço da família na delegacia de Pontes e Lacerda. A Polícia descobriu que o garimpeiro Raimundo Nonato Ferreira de Souza tinha sido o ganhador do prêmio da Quina em junho de 2010, no município de Cacoal (RO), onde trabalhou em um garimpo.

Pouco tempo depois ele retornou para Pontes e Lacerda, onde residia antes de mudar para Rondônia, em companhia da esposa Liliane Góis Saldanha e do filho de 1 ano e 6 meses. Eles foram morar em um sítio, onde mantinham uma vida simples, sem luxo.

Algumas semanas depois, Raimundo recebeu a visita do amigo e xará Raimundo Nonato Pereira da Silva, que havia conhecido no garimpo em Cacoal. Este teria passado uma semana na cidade. Pouco tempo depois a família desapareceu.

Sequestro e execução - As investigações feitas pelas Polícias de Pontes e Lacerda, Cacoal e pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO) apontaram que Ricardo levou Ivan, Luiz Paulo e Lauro até o município de Pontes e Lacerda e depois retornou para Várzea Grande.

Lá, os 3 acusados pegaram um outro veículo e, na madrugada, invadiram a casa do garimpeiro. Pegaram ele, a mulher e a criança e seguiram para Cuiabá.
No caminho, Raimundo foi forçado a revelar as senhas das contas bancárias e entregar os cartões. Antes de matar o casal, o trio foi até um posto de combustível, na beira da estrada, abasteceu e realizou uma compra pagando com o cartão. Certos de que a senha era a verdadeira, eles decidiram matar as vítimas.

Luiz Paulo matou o garimpeiro. A mulher foi assassinada por Ivan. A criança só não foi morta por "piedade". O plano de Ivan era matá-la junto dos pais, para "não deixar rastros", mas Luiz Paulo e Lauro não teriam concordado, pois teriam filhos da mesma idade.

Os corpos do casal foram deixados às margens da rodovia BR-080, no trecho entre Pontes e Lacerda e Cáceres. Depois disso, os 3 retornaram para Várzea Grande com o menino.

Criança - O menino ficou sob os cuidados de uma família, a pedido de Luiz e Lauro, em troca de dinheiro, e foi resgatado somente esta semana pela Polícia.

Segundo o delegado Luciano Inácio da Silva, chefe do GCCO, estava em uma casa no bairro Centro América, sendo bem cuidado. "A mulher disse que os acusados pagavam R$ 10 por dia para ela cuidar do menino e que aceitou a proposta porque Luiz e Lauro disseram que o pai da criança era viciado e a mãe teria desaparecido".

Desde que foi sequestrada, a criança teria passado ainda por outras duas famílias. "Na última, no bairro Nova Conquista em Várzea Grande, estava em condições de vulnerabilidade. A casa tinha apenas 2 cômodos e era habitada até por cachorros".

Após ser resgato, o garotinho foi encaminhado para um abrigo. A Justiça deve procurar familiares mais próximos para decidir sobre a guarda.

Investigação - Os trabalhos investigativos ocorreram paralelamente em Cuiabá, Pontes e Lacerda e Cacoal (RO). Segundo o delegado Luciano Inácio, ao descobrir que a família do garimpeiro tinha recebido a visita de Raimundo Nonato, ou "B18", como era conhecido, a delegacia de Pontes e Lacerda informou o fato para a Polícia de Cacoal.

O delegado da cidade, Alexandre Baccarini, passou a investigar o mesmo, pois sabia da "ficha suja" dele. "Ele já tinha fama por ser um homem violento. Então, o delegado de lá fez uma consulta e descobriu que vários saques tinham sido feitos na conta da vítima na Caixa Econômica Federal".

Enquanto isso, em Cuiabá, Ivan, Luiz Paulo e Lauro passaram a despertar a atenção do GCCO, pois estavam gastando muito dinheiro com festas e compras exageradas no bairro Nova Conquista, onde residem.

Após descobrir a ligação de "B18" com Ivan, a Polícia esclareceu o caso e conseguiu efetuar a prisão de Luiz, Lauro e Ricardo, em Várzea Grande, e de "B18" em Cacoal. Ivan Rosa Moreira não foi localizado.

Dinheiro - O grupo teria sacado R$ 700 mil das contas abertas pela vítima para movimentar o prêmio. Uma delas no Banco do Brasil e outra da Caixa Econômica.

Segundo o delegado Alexandre Baccarini, para realizar os saques, no valor de R$ 30 mil, Ivan e Raimundo Nonato contaram com ajuda de 1 funcionário da Caixa de Porto Velho. "Nós temos imagens dos 2 com este funcionário. E sabemos que ele facilitou, porque para liberar saques neste valor, o banco precisa conferir documentos. E isso foi feito e autorizado mesmo com os documentos falsos".

Baccarini revela que, somente após a prisão, saberá se este funcionário sabia do sequestro e quanto recebeu. "Ficamos sabendo que eles (Ivan e Raimundo) inventaram outra história. Mas vamos saber somente após prendê-lo".

A conta da Caixa foi zerada. Já a conta do Banco do Brasil foi bloqueada durante as investigações. O valor que ainda resta não foi divulgado.
Segundo o delegado Fábio Beccardi, de Pontes e Lacerda, o dinheiro era transferido para outra conta aberta na Caixa Econômica pelos bandidos. Agora as investigações vão tentar descobrir para onde foi o montante. "Sabemos que eles adquiriram alguns imóveis e veículos, mas sabemos também que gastaram muito em festas".
Ivan teria comprado uma propriedade rural em Nortelândia (253 ao médio norte de Cuiabá). Em Várzea Grande apenas um automóvel foi apreendido com os acusados. "Vamos rastrear as contas e bens dos acusados para fazer o sequestro. Tudo vai ficar com o tutor do menino, que é o herdeiro do prêmio, bem como o dinheiro que ainda resta nas contas".

Divisão - Para ajudar na execução do crime, Lauro, que era sobrinho de Ivan, receberia R$ 100 mil e Luiz Paulo R$ 50 mil. Porém, a promessa não teria sido cumprida. Lauro disse que só recebeu R$ 20 mil do tio, que teria sumido. Luiz Paulo, que executou o garimpeiro, alegou que, inicialmente, o plano "era apenas roubar a família". Porém não soube dizer porque mudaram de ideia.

Versão - Ricardo Oliveira Queiroz negou ter conhecimento dos planos do grupo, pois teria apenas feito "um favor" para o amigo Lauro, que era cliente da distribuidora de bebidas do mesmo, em levá-los até Pontes e Lacerda. Mas, mesmo assim, depois do crime, ele realizou algumas compras junto de Lauro.

Os acusados vão responder pelo crime de extorsão mediante sequestro com resultado morte. A pena é de 24 anos.

Os corpos do casal não foram localizados. A Polícia vai fazer novas buscas nas margens da rodovia onde eles foram executados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário