segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Chile, Peru e Colômbia, os modelos na região


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Chile, Peru e Colômbia, os modelos na região que estão dando certo.

Por Pedro Luiz Rodrigues

Temos, entre os países economicamente mais expressivos da América do Sul, três que estão se saindo muito bem, dois que estão de marcha batida para o precipício, e o Brasil - que tinha tudo para ser a locomotiva da região -, mas que tem andado meio catatônico, parado aí no lado da rua, com cara de poste.
Os três países que se têm sobressaído pelo desempenho são, paradoxalmente, aqueles que o Brasil trata com mais distância: Chile, Peru e Colômbia. Distância cordial,é claro, mas distância assim mesmo.
Agora, com os dois outros países, cujos dirigentes professam o receituário populista, ah, aí sim, nos damos muito bem. Estou falando, é claro, da Argentina e da Venezuela. Ah, hermanitos, aí é amizade para valer, é o prazer de se estar juntos, os tapinhas nas costas, risadinhas, risadaria. Era assim com o ex-presidente Lula. Diminuiu muito, felizmente, na era Dilma, que não é chegada a oba-obas. Mas a prioridade não mudou.
No ano passado, em que Produto Interno Bruto da América do Sul cresceu modestos 2,7% (e o Brasil irrisório um por cento), o Peru cresceu 6,2% e o Chile 5.5%. A Colômbia, nem falar, vem de vento em popa,  em dois anos passou de quarta para segunda maior economia do subcontinente, deixando para trás a Venezuela e a Argentina.
Sei, ninguém precisa lembrar, que economia não é tudo. Concordo plenamente. Pois bem, o Chile, o Peru e a Colômbia são também democracias plenas, onde as instituições não são achincalhadas, onde a imprensa nem os partidos de oposição são perseguidos como inimigos a serem destruídos. A diferença é que o brasileiro médio não tem a menor ideia de como se chamam os presidentes dos três países. É porque não pretendem um protagonismo maior do que o que lhes permite as pernas.
Confesso que não sei ao certo quem traça a política externa para os países vizinhança. Dizem-me que é o Professor Marco Aurélio Garcia, assessor especial do ex-Presidente Lula, que continuou com a Presidente Dilma. No seu tempo de assessor internacional do PT, lembro-me bem, ele gostava mesmo era de Kadhafi. Estava no Estadão, quando chegou a notícia, acho que em 1999, que Lula estava indo com MAG fazer uma visita exclusiva à Lula. Nunca houve um relato do que foram fazer lá...mas isso é outra história.
Pergunto-me se não seria um excelente momento para um pequeno ajuste de rumo em nossas prioridades sul-americanos. Poderíamos continuar a tratar com correção, mas sem excessiva babação– a Argentina e a Venezuela – e nos aproximar um pouco mais do Chile, do Peru e da Colômbia. Não há razão para não o engavetarmos o manual do ranço ideológico que valoriza tanto o bolivarianismo chavista. Não há razão, também, para tanta deferência – que às vezes se aproxima mesmo da subserviência – em nossas relações meridionais.
Por conta da Venezuela, hoje governada por um funcionário nomeado pela administração anterior, tratamos o Paraguai de maneira incorreta. É o país mais aberto ao Brasil e aos brasileiros em toda a América do Sul e, para o bem ou para o mal, o que mais se parece conosco. Não é à toa que lá vivem e trabalham, há décadas, centenas de milhares de brasileiros. Isso para não se falar de Itaipu. Suspender do Mercosul o velho parceiro, sob qualquer alegação que seja, para fazer entrar a Venezuela, é no mínimo, tomando de empréstimo uma expressão que bem utilizou o Senador Aloísio Nunes Ferreira, uma pataquada.
Nossos dois aliados estão, além de tudo, fazendo experiências econômicas que sabemos de antemão não darão certo. A Argentina, com nostalgia dos anos oitenta, restabelece o congelamento dos preços nos supermercados, achando que assim vão conter uma inflação que ameaça pular do atual patamar de 25% para níveis mais indecentes.
A Venezuela, por sua vez, acha que vai resolver todos os seus problemas desvalorizando brutalmente sua moeda. A verdadeira solução para a economia venezuelana, regada a petróleo, é valorizar o trabalho, a perseverança, a poupança, a inovação. Se a Venezuela não tem mais nada para exportar, pois ao longo dos últimos anos acabou com sua indústria, como alega que a desvalorização de 46,5% vai aumentar suas exportações; Exportações de petróleo? Mas essas têm limites impostos pela OPEP.
Como disse meu velho amigo Rui Velloso, um dos mais sábios economistas que conheço, não há governo que não tenha como objetivos a inflação baixa e crescimento alto do PIB. Para alcançá-los, é só deixar a economia de mercado funcionar sem maiores amarra. Há exceções, claro, observa, Como em que os mercados falham e o governo deve intervir.
Mas na Venezuela e na Argentina, e lá o seu tanto também no Brasil, os governos tendem a interferir demasiadamente no funcionamento normal da economia, mesmo que haja custos elevados - pouco visíveis a curto prazo - para a sociedade pagar, Velloso dixit.
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