quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Desaparecido” há 7 anos, pivô de operação da PF está vivo mas se nega a ver família


Após sete anos sem ter notícias concretas do paradeiro do filho e imaginar uma possível morte dele, Maria de Lourdes Evangelistas de Oliveira recebeu a notícia de que seu caçula, João José Evangelista, 26, principal denunciante de crimes ambientais investigados pela Polícia Federal culminando na “Operação Mapim Guari”.


A informação sobre a situação do rapaz foi repassada a Maria através de um vídeo gravado pelo próprio João, em uma coletiva de imprensa realizada no auditório Licinio Monteiro, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, convocada pelo deputado Emanuel Pinheiro (PR), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Casa de Leis. Na mídia gravada, o rapaz responde apenas a uma pergunta, explicando qual o motivo de estar vivo e não entrar em contato com a família.

“Ainda não morri, mãe. Ainda falta muita coisa para mim. Mas eu peço que a senhora ponha a mão na consciência. Muitas vezes a senhora disse que eu não sou seu filho. Que só meus irmãos mais velhos eram. Muito bem, já passaram sete anos, e se um dia for para a gente se ver, Deus vai providenciar isso”, disse João, através do vídeo.

O delegado Silas Tadeu Caldeira, titular da Homicídios e Proteção a Pessoa e responsável pela investigação que localizou o rapaz, contou que o rapaz diz se sentir magoado com a mãe pelo fato dela ter negado ajuda após ele ter feito a denúncia. “Ele fiz que a mãe foi uma grande incentivadora da denúncia e, depois dele passar a ser ameaçado, ela teria se recusado a ajudar”, disse o delegado.

A localização de João não pode ser revelada nem mesmo para a mãe. “Nossa missão era descobrir se ele estava vivo e ele está. Isso é o que importa é a preservação da vida”, afirmou o secretário-adjunto de Segurança Pública, coronel Morae
A Operação Mapinguari prendeu 23 pessoas, após João prestar depoimento à Polícia Federal, afirmando que madeireiros de Feliz Natal, Sorriso, Vera e Nova Ubiratã estarem conluiados com índios do Parque Nacional do Xingú para extração ilegal de madeira da terra indígena.

Entre os presos estavam o cacique Ararapan Trumari e três ex-gerentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), na regional de Sinop; madeireiros em Feliz Natal, em Sorriso e Vera. Eles foram acusados pelo MPF de envolvimento na extração ilegal de madeira de áreas indígenas.

A PF apontou, na época, que o esquema teria resultado em 2.3 mil cargas de madeira de diversas espécies, como Peroba, Itaúba, Cedrinho e Cambará. Foram fechadas nove madeireiras em Feliz Natal e Vera, acusadas de comprar madeiras dos índios. As prisões foram revogadas posteriormente, no Tribunal Regional Federal (TRF), e os bens de alguns envolvidos desbloqueados.

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