terça-feira, 28 de setembro de 2010

Mauro Mendes e o dinheiro do povo

Arlindo Teixeira Jr.


Passadas essas eleições, um tema, obrigatoriamente, terá que permanecer na pauta das discussões em Mato Grosso, na imprensa, com a participação de representantes das entidades civis organizadas: a questão dos incentivos fiscais e o cumprimento da contrapartida de investimentos por parte das empresas beneficiadas.

A recente manifestação pública do Tribunal de Contas do Estado (TCE), de que a Bimetal Engenharia e Construções Ltda., empresa do empresário Mauro Mendes, não gerou empregos conforme a formalização dos contratos, com os incentivos fiscais recebidos do governo, é um fato preocupante.

E já surgiu um novo escândalo. O empresário Mauro Mendes deve R$ 2,5 milhões de impostos a cinco prefeituras de Mato Grosso. O calote milionário levou prefeitos dos municípios de Reserva do Cabaçal, Indiavaí, Jauru, Salto do Céu e Araputanga a pleitearem na Justiça o pagamento do imposto, que faz falta aos investimentos em todas as áreas de infraestrutura básica e sociais, inclusive no fornecimento de merenda escolar.

Mauro Mendes é um paraquedista na política, candidato a governador de Mato Grosso pelo PSB. Ele é presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado. Compõe, portanto, a cúpula daqueles que se consideram intocáveis e, com certeza, não esperava que pudesse ser citado pelo TCE como um empresário inadimplente, que não cumpre com suas obrigações; ou acionado judicialmente por prefeituras pelo calote.

Portanto, tudo aquilo que o empresário Mauro Mendes prega em seus discursos, não passa de falácias, de conversa fiada. Ele não é exemplo de grande empresário, coisa nenhuma, muito menos representa "o novo" na política.

A Bimetal de Mauro Mendes não passou no crivo do olhar técnico do Tribunal de Contas. Pelo relatório daquela corte, o que se conclui é que ele, Mauro Mendes, na verdade, trapaceou o Estado, ao não aplicar devidamente os milhões e milhões tirados dos cofres públicos – dinheiro do imposto dos trabalhadores.

Não é à toa que a fortuna de Mauro Mendes é uma história mal contada por todo o Mato Grosso. Era uma incógnita o seu império, edificado como num passe de mágica. Dele e do seu candidato a vice-governador Otaviano Pivetta (PDT).

Aliás, Mauro e Pivetta são os candidatos mais ricos dessas eleições em todo o Brasil. E Pivetta também é outro procurado – está na mira da Justiça Federal, denunciado pelo juiz Julier Sebastião da Silva como um dos envolvidos num rombo de mais de R$ 200 milhões da cooperativa Cooperlucas.

Voltando a Mauro Mendes. Os conselheiros do Tribunal de Contas não poderiam se calar, sob pena de um dia serem condenados pela história! Com o seu prestígio de homem ligado aos barões de Mato Grosso, Mendes teve a ousadia de contrapor ao TCE, considerando a inclusão da Bimetal na lista de inadimplentes como um "erro lamentável".

O tiro saiu pela culatra. Conforme o TCE, não foram cumpridos pela Bimetal os compromissos assumidos nas cartas-consultas apresentadas quando da solicitação dos benefícios. Para o Tribunal, isso revela fragilidade na fiscalização estatal sobre os resultados dessa importante política pública.

Ou seja, uma frágil fiscalização sobre os benefícios fiscais que determinados "empresários", a exemplo de Mauro Mendes, se utilizam para sugar, como sanguessugas, o dinheiro público. Uma vergonha! Trambiques que o Tribunal de Contas terá que combater com rigor.

A Bimetal de Mauro Mendes caiu na rede do TCE. E hoje, também, é vista com desconfiança nas prefeituras. Agora, os contribuintes não merecem que tudo isso fique por isso mesmo. Os prejuízos são evidentes e os recursos farão falta aos cofres públicos para a saúde, segurança e educação, e a verdade dos fatos mostra que esses novos milionários, "empresários" espertalhões, não representam nada para Mato Grosso.

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