Especialistas ensinam como fazer um churrasco mais
saudável
Do UOL, em São Paulo
1·
O churrasco está quase sempre relacionado a comemorações e encontros
entre amigos e familiares
O churrasco é um dos eventos sociais preferidos dos brasileiros. Desde
sua origem no Rio Grande do Sul - era uma opção prática para os vaqueiros - a
carne assada em brasas ganhou novos acompanhamentos e, por consequência, mais
calorias. Mas quem se preocupa com a saúde não precisa fugir do espeto: basta
fazer as escolhas certas e controlar as quantidades.
"A carne faz parte da dieta humana e é uma fonte importante de
nutrientes e vários minerais como ferro e vitaminas como a B12. Porém, ela deve
fazer parte de uma alimentação equilibrada", explica o nutrólogo Paulo
Henkin, Chefe do Serviço de Nutrologia do Hospital Ernesto Dornelles, de Porto
Alegre.
A hepatologista e gastroenterologista Mônica Viana, do instituto de
mesmo nome, em São Paulo, é enfática: "Churrasco é uma ótima opção para
quem está de dieta". Mas, se a preocupação é com o peso, ela recomenda
cortar a maionese de batata como acompanhamento.
"Os apreciadores do churrasco não precisam abrir mão deste prazer, mas se
faz necessário saber dosar a frequência, a quantidade e as
combinações", ensina a nutricionista Thatyana Freitas, da clínica Stesis,
em São Paulo. Ela completa: "Os malefícios de uma alimentação
desequilibrada apenas ocorrem se no dia a dia o hábito alimentar for como um
todo ruim".
Para Paulo Henkin, o correto é consumir uma variedade de alimentos:
"A carne é fonte de proteínas, mas o ideal é não deixar de ingerir
carboidratos, de preferência os integrais, frutas, verduras e gorduras
saudáveis, que também fazem parte da alimentação, mesmo num churrasco".
O nutrólogo lembra que o churrasco tem uma conotação cultural extremamente
importante: "Ele agrega as pessoas, está presente geralmente quando se
comemora alguma coisa. É interessante que outros primatas também comemorem com
carne. É preciso entender seu aspecto antropológico".
Bem passada
Quando se fala em carne e saúde, Henkin faz um alerta: "Tem gente que
adora comer aquela fatia bem queimada, quase preta. Isso é perigoso, porque
haverá a presença de nitrosaminas, compostos químicos cancerígenos. Se ela for
bem passada não é uma boa ideia consumi-la". Ele também faz outra
observação importante: "Não é a carne que faz mal, é o excesso de
gordura".
Henkin dá um exemplo do modo incorreto de se aproveitar um churrasco: uma
pessoa pega um pedaço de linguiça, depois salsicha, depois carne e muita salada
de maionese. Às vezes, já havia até começado com pão com alho, feito com
margarina. "Um erro, pois ela é ainda pior que a gordura da carne. A
pessoa está fazendo o ritual errado e, no fim, a culpada será a carne",
admite.
Porém, ele diz que se a pessoa começar com um aperitivo de carne magra com
cenoura, salada, cebola ou pimentão assado e, em seguida, pegar um pedaço de
linguiça, uma carne magra (ou retirar a gordura visível da porção escolhida) e
trocar a salada de maionese por uma de folhas verdes e legumes e grãos, estará
optando por um prato mais saudável.
A nutricionista Thatyana Freitas também dá algumas dicas: "A carne de
frango deve ser consumida sem a pele e os melhores peixes para churrasco são
salmão e badejo, que possuem menor quantidade de gorduras".
Ela lembra que a costela suína e bovina são muito gordurosas, e é bom
evitá-las. As carnes processadas, como linguiça, hambúrguer e salsicha, entre
outras, são conservadas com "nitritos e nitratos", substâncias que,
no estômago, são transformadas em nitrosaminas, que aumentam os riscos de
câncer no estômago e no intestino. Portanto, seu consumo também deve ser
restringido.
Bebidas polêmicas
"A vida não é como queremos, é como ela é. Álcool e refrigerantes fazem
parte dela", aponta Henkin. "Ao invés de falar mal deles, o certo é
aprender a usá-los. O álcool está na civilização há séculos e o refrigerante
faz parte da vida moderna. O que é correto? Não beber todos os dias, mas
deixá-los para os domingos e dias de festas."
Ele ainda culpa os tempos modernos por alguns excessos: "Anos atrás não
existiam essas garrafas de dois litros de refrigerante. A pessoa tomava uma
garrafa pequena e ficava satisfeita. Agora, parece que tem de beber tudo.
Refrigerante é prazer, mas não é hidratação. Para se hidratar, tome água".
Já a nutricionista aconselha a trocar a bebida: "O refrigerante deve ser
evitado, pois contribui para a retenção de líquido e possui muito açúcar, sódio
e conservantes. Podemos substituir por um suco de frutas natural". Ela
lembra que o limão é rico em vitamina e possui um pH ácido que, associado ao
trabalho enzimático, ajuda na quebra parcial das cadeias proteicas, o que
facilita a digestão das carnes.
Sobre bebidas alcoólicas, Henkin enfatiza que a diferença entre elas são seus
teores alcoólicos. "Assim, 600 ml de cerveja são iguais a uma dose de
uísque; escolha um dos dois, não tome ambos. Ele também aconselha alternar o
álcool com outras bebidas e moderar: "Vai beber caipirinha, tudo bem. Mas
depois tome refrigerante ou água. Vai tomar cerveja? Conte quanto está tomando,
não vá simplesmente enchendo o copo a toda hora."
A nutricionista diz que o ideal seria evitá-las para não tornar a refeição mais
pesada, gordurosa, calórica e desequilibrada, além de facilitar o acúmulo de
gorduras. Um copo de caipirinha de frutas com açúcar, por exemplo, possui cerca
de 300kcal , o equivalente a duas latas de cerveja (151 kcal cada).
Fumaça do carvão
A forma de assar a carne também é polêmica, pois, durante o preparo, a fumaça
do carvão libera alcatrão e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias
com alto potencial cancerígeno.
A nutricionista Thatyana Freitas alerta: "A associação é feita
principalmente com as carnes vermelhas, porque elas são preparadas mais
frequentemente em churrasco ou na chapa".
Para não abrir mão desse prazer, mas manter a segurança, o nutrólogo dá uma
dica. "O ideal é deixar a carne a uma distância maior da brasa. Nos
Estados Unidos costumam assar a um palmo. Isso é péssimo. O indicado é que a
carne fique a 50, 80 cm do fogo. Demora um pouco mais? Então, comece a assar
mais cedo!", encerra.
a.
Do UOL, em São Paulo
"Os apreciadores do churrasco não precisam abrir mão deste prazer, mas se faz necessário saber dosar a frequência, a quantidade e as combinações", ensina a nutricionista Thatyana Freitas, da clínica Stesis, em São Paulo. Ela completa: "Os malefícios de uma alimentação desequilibrada apenas ocorrem se no dia a dia o hábito alimentar for como um todo ruim".
O nutrólogo lembra que o churrasco tem uma conotação cultural extremamente importante: "Ele agrega as pessoas, está presente geralmente quando se comemora alguma coisa. É interessante que outros primatas também comemorem com carne. É preciso entender seu aspecto antropológico".
Bem passada
Quando se fala em carne e saúde, Henkin faz um alerta: "Tem gente que adora comer aquela fatia bem queimada, quase preta. Isso é perigoso, porque haverá a presença de nitrosaminas, compostos químicos cancerígenos. Se ela for bem passada não é uma boa ideia consumi-la". Ele também faz outra observação importante: "Não é a carne que faz mal, é o excesso de gordura".
Henkin dá um exemplo do modo incorreto de se aproveitar um churrasco: uma pessoa pega um pedaço de linguiça, depois salsicha, depois carne e muita salada de maionese. Às vezes, já havia até começado com pão com alho, feito com margarina. "Um erro, pois ela é ainda pior que a gordura da carne. A pessoa está fazendo o ritual errado e, no fim, a culpada será a carne", admite.
Porém, ele diz que se a pessoa começar com um aperitivo de carne magra com cenoura, salada, cebola ou pimentão assado e, em seguida, pegar um pedaço de linguiça, uma carne magra (ou retirar a gordura visível da porção escolhida) e trocar a salada de maionese por uma de folhas verdes e legumes e grãos, estará optando por um prato mais saudável.
A nutricionista Thatyana Freitas também dá algumas dicas: "A carne de frango deve ser consumida sem a pele e os melhores peixes para churrasco são salmão e badejo, que possuem menor quantidade de gorduras".
Ela lembra que a costela suína e bovina são muito gordurosas, e é bom evitá-las. As carnes processadas, como linguiça, hambúrguer e salsicha, entre outras, são conservadas com "nitritos e nitratos", substâncias que, no estômago, são transformadas em nitrosaminas, que aumentam os riscos de câncer no estômago e no intestino. Portanto, seu consumo também deve ser restringido.
Bebidas polêmicas
"A vida não é como queremos, é como ela é. Álcool e refrigerantes fazem parte dela", aponta Henkin. "Ao invés de falar mal deles, o certo é aprender a usá-los. O álcool está na civilização há séculos e o refrigerante faz parte da vida moderna. O que é correto? Não beber todos os dias, mas deixá-los para os domingos e dias de festas."
Ele ainda culpa os tempos modernos por alguns excessos: "Anos atrás não existiam essas garrafas de dois litros de refrigerante. A pessoa tomava uma garrafa pequena e ficava satisfeita. Agora, parece que tem de beber tudo. Refrigerante é prazer, mas não é hidratação. Para se hidratar, tome água".
Já a nutricionista aconselha a trocar a bebida: "O refrigerante deve ser evitado, pois contribui para a retenção de líquido e possui muito açúcar, sódio e conservantes. Podemos substituir por um suco de frutas natural". Ela lembra que o limão é rico em vitamina e possui um pH ácido que, associado ao trabalho enzimático, ajuda na quebra parcial das cadeias proteicas, o que facilita a digestão das carnes.
Sobre bebidas alcoólicas, Henkin enfatiza que a diferença entre elas são seus teores alcoólicos. "Assim, 600 ml de cerveja são iguais a uma dose de uísque; escolha um dos dois, não tome ambos. Ele também aconselha alternar o álcool com outras bebidas e moderar: "Vai beber caipirinha, tudo bem. Mas depois tome refrigerante ou água. Vai tomar cerveja? Conte quanto está tomando, não vá simplesmente enchendo o copo a toda hora."
A nutricionista diz que o ideal seria evitá-las para não tornar a refeição mais pesada, gordurosa, calórica e desequilibrada, além de facilitar o acúmulo de gorduras. Um copo de caipirinha de frutas com açúcar, por exemplo, possui cerca de 300kcal , o equivalente a duas latas de cerveja (151 kcal cada).
Fumaça do carvão
A forma de assar a carne também é polêmica, pois, durante o preparo, a fumaça do carvão libera alcatrão e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, substâncias com alto potencial cancerígeno.
Para não abrir mão desse prazer, mas manter a segurança, o nutrólogo dá uma dica. "O ideal é deixar a carne a uma distância maior da brasa. Nos Estados Unidos costumam assar a um palmo. Isso é péssimo. O indicado é que a carne fique a 50, 80 cm do fogo. Demora um pouco mais? Então, comece a assar mais cedo!", encerra.
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