sábado, 12 de janeiro de 2013

SEM CULPAS EXAGERADAS MAS SEM RESPOSTAS NECESSÁRIAS



Por Carlos Chagas


                                                                           Dilma já voltou, seus ministros estão voltando e o Lula deixa as delícias do litoral  de Angra dos Reis neste fim de semana. O governo começa a funcionar, de verdade, na segunda-feira, presumindo-se para os  próximos dias uma ida da presidente a São Paulo para acertar os ponteiros com o antecessor. Apesar da presença incômoda da tal   Rosemary,  da chantagem de  Marcos Valério, dos efeitos explosivos do julgamento do mensalão e das dificuldades de execução do PAC, o  ex-presidente ainda permanece como  tijolo de sustentação do bloco que exerce o poder. O importante, para aqueles que se abrigam em torno dele,   é preservar o equilíbrio  de um sistema  ainda apoiado na maioria da opinião pública.  Apesar de enfraquecidas, por enquanto continuam estáveis suas  estruturas, não obstante a     blitz desencadeada pela maioria da mídia, a serviço de interesses ligados ao passado.  A falta de planejamento na política energética, por exemplo, vem de muito tempo. O descalabro na saúde pública é histórico. A retração da economia deve-se a fatores extrínsecos e a corrupção, lamentável porque conduzida pelo partido dominante,  não parece  diferente daquela praticada antes por seus adversários.
                                                                  Em suma, dá para continuarem respirando, mesmo o ar rarefeito das alturas onde foram parar por presunção,  empáfia e ingenuidade. 
                                                                  O que não dá é assistir, ao menos sem protestar,   a falta de um projeto diretor, de um plano estratégico para o Brasil.  Estamos cada vez mais pondo em risco a segurança e a soberania nacional. A qualificação  necessária para nossa sobrevivência como nação deixou de preocupar os responsáveis pela preservação do poder público, tanto quanto pelos guardiões das instituições da sociedade civil.  Não é diferente dos estabelecimentos públicos o que se passa  no universo privado, onde  sucedem-se   gerações de incompetentes  nas empresas familiares,    impulsionados pelo nepotismo irresponsável.
                                                             A solução, para uns, tem sido aumentar impostos, os mais altos do planeta.  Para outros,  aproveitar o que resta da riqueza acumulada pelos ancestrais,  sem preocupação  para com os descentes, muito menos para o conjunto social.  O descaso no cumprimento da lei aumenta em progressão geométrica o numero de marginais de cima e de baixo, dos Cachoeiras aos Eikes e   aos Tanuris, até aos  narcotraficantes.   O corporativismo atinge instituições centenárias, do Judiciário aos grandes  sindicatos.  A fraqueza da diplomacia ortodoxa abre lugar à intromissão de corpos estranhos que  nem são impulsionados por   ideologias, mas, apenas,  pela ilusão do poder. Cedemos a pressões internacionais,  geridas pelas  nações ricas  e suas ONGs,  às obtusas, oriundas do sonho da criação de novas ordens mundiais que o   passado levou. Agentes econômicos impõem o estabelecimento de nações indígenas em vez de tribos brasileiras,  à espera da falsa  independência territorial que fará de um cacique emplumado o  presidente de uma “república” submissa a interesses escusos.

                                                        A desnacionalização da economia, fracasso super-dimensionado nos tempos  do sociólogo, permanece a mesma e  favorece decisões tomadas além de nossas fronteiras, transformando-nos em permanentes  exportadores de matérias primas e importadores não só de manufaturados, mas de ideologias avessas à nossa independência. Um país que iniciou o ciclo da aviação mundial  e  inaugurou a exigência da vacina obrigatória,  encontra-se à margem da pesquisa cientifica, apenas exportador de cérebros e   importador dos produtos de  laboratórios farmacêuticos e genéticos que não transferem tecnologia.
                                                        Uma infra-estrutura cada vez mais deficiente em matéria de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, reflete-se na fraqueza das  Forças Armadas, incapazes de manter o respeito internacional quando há décadas tentamos inutilmente construir um único submarino nuclear. Fomos  sabotados no lançamento de  mísseis  de terceira classe. Tentamos até agora,  sem sucesso,  comprar  36  aviões de caça,  quando um único porta-aviões,  dos 23 que os Estados Unidos possuem,  navega com 90 aeronaves de última geração. 
                                                        Convenhamos, é por aí, pela falta de um projeto  nacional, que um dia desses tudo vai desmoronar. Sem culpas exageradas mas sem respostas necessárias.
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