Glaucia Colognesi
Ele observa que o governo federal não poderá mais contingenciar as emendas, sob justificativa de que a crise financeira e os parlamentares não ficarão mais desmoralizados com os prefeitos e eleitores por ter prometido a destinação de recursos e este não ter chegado aos municípios. Conforme a PEC, cada deputado terá direito a R$ 12 milhões, ou seja, R$ 3 milhões a menos do que hoje vigora. Foi estabelecido um montante menor para que a soma de todas as emendas representassem 1% da receita corrente líquida da União do ano anterior. O valor será dividido entre os 594 parlamentares federais (81 senadores e 513 deputados federais). Mesmo com a redução, Eliene considera uma conquista, pois o Executivo Federal será obrigado a liberar os recursos diferentemente de 2012 quando só 50% saiu do papel e em 2011, o percentual chegou só a 20%. "Dos R$ 15 milhões que eu tinha direito o Governo liberou em 2011 apenas R$ 3 milhões. Em 2012, dos R$ 15 milhões foram liberados R$ 7 milhões", reforça Eliene.
Nesta primeira fase, a PEC foi aprovada sem o percentual de 30% ou 50% de vinculação das emendas à área da saúde como queria o Palácio do Planalto. Por isso, Eliene acredita que, em função desse interesse presidencial, os parlamentares ainda conseguirão negociar a recomposição do valor da emenda para R$ 15 milhões, sendo R$ 12 milhões com destinação de livre escolha do parlamentar e R$ 3 milhões vinculados à saúde. Outra vantagem do orçamento impositivo, na opinião de Eliene, é o fato de que ela vai acabar com a pecha de que a presidência da República usa a liberação das emendas como moeda de troca para a aprovação de matérias de seu interesse no Legislativo. Quem mais sofre com isso são os oposicionistas, que são preteridos em relação aos que pertencem à base aliada.
O analista político João Edson, por sua vez, não vê vantagem alguma para a população em relação ao orçamento impositivo. Ele enxerga utilidade e interesse apenas dos deputados e senadores. Ele acredita que a corrida pela aprovação desta proposta está ligada diretamente aos movimentos sociais das ruas. Ele observa que se essas mobilizações populares continuarem ocorrendo tendem a potencializar a renovação nos Legislativos em 2014, assim como ocorreu nas câmaras municipais no pleito passado. Conforme o especialista, o índice de renovação em todo o país foi de 72%. “Os parlamentares vêem no orçamento impositivo a forma mais rápida de mostrar serviço e garantir a reeleição. Eles querem mostrar que a quadra poliesportiva, o centro de convivência ou outra obra só se viabilizou graças ao seu trabalho e, assim, ganhar argumento para a prestação de contas junto aos eleitores”, destaca.
Para João Edson, vereador, deputado e senador não deveriam participar de orçamento coisa nenhuma, porque isso faz com que tenhamos parlamentares medíocres que, em vez de se especializar e aprimorar a função de legislar e fiscalizar os atos do Executivo, se ocupam com uma tarefa que é do Executivo. “Isso é uma vergonha nacional!”, destaca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário