segunda-feira, 19 de julho de 2010

Tribo na Amazônia quer garantir futuro com projeto de carbono


TV Aripuanã fonte BBC Brasil

Uma etnia indígena da Amazônia brasileira quer ser pioneira na elaboração de um projeto de redução de carbono para financiar o seu desenvolvimento de forma sustentável.

Os Suruis que vivem entre os municípios de Cacoal (RO) e Aripuanã (MT), Suruí (que significa “gente de verdade”), detêm a posse da reserva Sete de Setembro, na divisa entre Rondônia e Mato Grosso,na região noroeste de Matogrosso, querem receber recursos para manter a floresta de pé, e aplicar o dinheiro em um plano de desenvolvimento capaz de garantir pelo menos meio século de sobrevivência da etnia.

A reserva, homologada em 1983, tem uma área total de cerca de 248 mil hectares, dos quais 243 mil ainda estão preservados. A idéia é que a etnia se comprometa a evitar o desmatamento dentro desta área e, em troca, receba recursos oriundos da não-emissão de CO2 na atmosfera.

Para saber quanto carbono deixará de ser emitido, técnicos do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesan) estão fazendo um estudo do estado de degradação da área e de como ela poderia ser recuperada a partir da adoção de atividades sustentáveis.

Atividades de exploração degradaram parte da reserva de 248 mil hectares
Sem fonte de renda, muitos indígenas fizeram acordos para explorar a madeira ao redor de suas aldeias. Outros arrendaram terras para a pecuária ou para o plantio do café. Uma situação que perdurou até há poucos anos.

"O território está relativamente conservado, mas a tendência para o futuro é de que, sem nenhum projeto, aumente a área desmatada", explica o coordenador do estudo de campo, Gabriel Carrero.

"Nosso trabalho hoje é entrar na terra indígena para procurar essas áreas de degradação e avaliar o grau de degradação."

A pesquisadora do Idesan Claudia Vitel diz que a definição desta variável permitirá estimar quanto carbono poderia deixar de ser emitido até 2050 a partir de atividades sustentáveis que podem "afetar a cobertura da terra no futuro".

Essa estimativa, a da quantidade de CO2 não-emitido é convertida em créditos de carbono, que são vendidos no mercado internacional. Uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono. O preço do crédito tem variado muito, está em torno de 13 euros (cerca de R$ 30).

Com o estudo, o Idesan quer obter certificações internacionais para garantir a validade do projeto e atrair recursos de investidores.

Feição indígena

Não será o primeiro projeto de redução de emissões de carbono por desmatamento e degradação – mais conhecidos pela sigla Redd – no Brasil, mas os Surui querem que este seja o primeiro intimamente relacionado à sobrevivência de uma etnia indígena.

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